sábado, 31 de dezembro de 2011

Cortar o tempo


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Nota do blog: Esta é a última postagem de 2011, um ano que foi um divisor de águas para o blog. A página passou a ser mais visitada e ganhou leitores assíduos. Algo inimaginável até bem pouco tempo. Quero então aproveitar a despedida desse ano tão bom para agradecer a todos aqueles que reservaram um pouquinho de seu tempo à leitura da Opinião reversa. Muito obrigado pela atenção! Para vocês desejo um 2012 repleto de sonhos realizados, de esperanças renovadas e de vontade de lutar por um mundo melhor. Que estejamos sempre cientes de que a mudança que queremos está em nós mesmos e não nos discursos vazios de quem só a promete. Um grande abraço a todos e feliz ano novo!


As dádivas do Rei

Promessas não cumpridas, obras inacabadas ou que nem saíram do papel, cidade com cara de abandono. Com essa lista de feitos, o Rei da pacata província do Capim Grosso precisa lançar mão de alguns recursos para melhorar a imagem de seu governo. Demonstrando toda a sua benevolência, ele já adiantou que vai melhorar a renda dos mais pobres e patrocinar dez dias de festa para os plebeus. Essas medidas fazem parte de um pacote de bondades que ficará conhecido como "As dádivas do Rei". Anunciado há pouco tempo, o tal pacote pretende conter a insatisfação popular, desviando a atenção dos súditos para outros assuntos que não os problemas da província. Assim, a Majestade imagina que pode terminar seus dias de poder com uma boa aceitação, inclusive com condições de fazer o seu sucessor no Trono. Seu objetivo é audacioso, porém factível, pois até a escolha da nova realeza ele contará com a força política da Coroa e, sobretudo, com o apoio da massa que adora pão e circo.

O espólio da ditadura

A ditadura militar acabou faz tempo, mas o regime que sucumbiu diante dos anseios de democracia deixou um patrimônio político que perdura até hoje. Partidos como o DEM representam o espólio desses anos de autoritarismo no Brasil. Mais recentemente, o governo Rosalba confirmou essa orientação nada democrática da legenda presidida por José Agripino. A gestão da mossoroense baixou um decreto proibindo protestos e manifestações nas dependências do Centro Administrativo do Estado. A medida, nefasta aos olhos de quem valoriza a liberdade, é coerente com o perfil desse governo, que parece lamentar o fim de um período da história nacional onde a simples contestação de autoridades era considerada prática "terrorista".

Leia também:  "Rosalbochet" - A face da intolerância no poder.
                        A "democracia" de Rosalba.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Quer uma carona?

Era dia de finados quando uma jovem senhora tentava atravessar a principal rua da cidade. Ela aguardava o melhor momento para cruzar a avenida quando um veículo parou como se esperasse a sua travessia para prosseguir. Mesmo assim a pedestre não continuou sua caminhada. Insistia que o carro passasse primeiro até como forma de retribuir a gentileza tão incomum no trânsito do município. Mas o veículo permanecia parado. Só depois de algum tempo de impasse, a transeunte percebeu que o motorista, pré-candidato a prefeito de Grossos, estava lhe oferecendo uma carona ao cemitério.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pelas ruas de Oberã

Por Genildo Costa.*

Quando tomei nota de minhas poucas lembranças dei conta de que não estava mais comigo as mesmas criaturas, as mesmas impressões digitais tatuadas no meu corpo franzino de menino moleque.

Pelo prado de meus encantamentos a certeza de sempre encontrá-lo. Altivo e sereno. Reticente. Exposto às agruras desses mesmos dias de leviana submissão que tenho que suportar...a contra gosto. Mesmo assim, continuo insistindo em refazer a mesma moldura que antes me permitia ser bandido e, muitas vezes, herói desses tempos de vida brejeira e de liberdade provinciana.

Para além de nossas limitações, a configuração de uma outra estampa que não encontro jamais, pois não sei se já é hora de confessar o tamanho de minha agonia. Acredito não ser oportuno destilar dores quando tudo não passa de algo pertinente a essa tal subjetividade humana. Agora sim, percebo que todas as sombras se dissipam. Seguem rumo ignorado. Algumas tropeçam no último degrau da escadaria e não encontram equilíbrio para continuar seguindo por essas ruas de sentimento amiúde.

A volta de Jesus


Texto de Frei Betto* retirado do Blog do Ricardo Kotscho.

Sem chamar a atenção, Jesus voltou à Terra em dezembro de 2011. Veio na pessoa de um catador de material reciclável, morador de rua. Comia prato feito preparado por vendedores ambulantes ou sobras que, pelas portas do fundo, os restaurantes lhe ofereciam.

Andava sempre com uma pomba pousada no ombro direito. Estranhou o modo como as pessoas bem vestidas o encaravam. Lembrou que, na Palestina do século 1, sua presença suscitava curiosidade em alguns e aversão em outros, como fariseus e saduceus.
Agora predominava a indiferença. Sentia-se, na cidade grande, um Ninguém. Um ser invisível.

Ao revirar latas de lixo à porta de uma faculdade, nenhum estudante ou professor o fitou. “Fosse eu um rato a remexer no lixo, as pessoas demonstrariam asco,” pensou. Agora, nada. Nem o percebiam. Ou consideravam absolutamente normal um homem andrajoso remexer o lixo.

Graças a seu olhar sobrenatural, capaz de apreender alma e mente das pessoas, Jesus sabia que eram, quase todas, cristãs...

Roubaram um carro defronte a faculdade. A vítima, uma estudante cirurgicamente embelezada, apontou-o como suspeito de cúmplice dos ladrões. A polícia, sem pistas dos criminosos, decidiu prendê-lo para aplacar a ira da moça, filha de um empresário.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Repeteco

No início do mês a Rádio Rural de Mossoró realizou mais um concurso A Mais Bela Voz durante a festa de Santa Luzia. Este ano duas situações de edições anteriores do festival se repetiram. A primeira delas foi a vitória da candidata patuense, que já havia levado o prêmio máximo em 2008. E a outra foi a ausência de representantes de Grossos, que apesar de ter artistas valorosos, não participa do concurso por falta de interesse da Prefeitura.Lamentável.

Leia também: A festa dos outros - A Mais Bela Voz.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A lucidez da ideias(XI)

"Se em economia o Brasil é melhor do que a Inglaterra, então a economia não é um bom indicador de progresso."

Fraternidade perecível

O espírito natalino transforma todos em irmãos. Mas a fraternidade que envolve as pessoas nessa época do ano é perecível. Tem prazo de validade que expira após as 23h59min do dia 25 de dezembro. Quando ela acaba tudo volta como era antes, e o individualismo continua a reinar sobre os lares da sociedade capitalista.

Leia também: Natal, a festa do capital.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Papai Noel: a biografia não autorizada.

*Postagem reproduzida do blog do Tio Colorau com texto de Leandro Cruz, colunista do Jornal do Povo(RS).

Quando chega o fim de ano, as ruas são invadidas por figuras bizarras, os papais-noéis. Alguns com barbas de algodão, outros bem magrinhos (estão perdoados, pois ninguém usa uma roupa daquela no verão brasileiro sem perder uns 30 quilos só na transpiração).

Quando as crianças ficam mais espertas, geralmente começam a se perguntar: “Como ele dá conta de entregar presentes para todas as crianças boazinhas do mundo numa única noite?”.

Quando eu estou bem-humorado e não quero revelar que foram os chineses semi-escravos que fabricaram o videogame que o PAI DELAS comprou e deu, geralmente eu respondo. “O Natal é comemorado só em países cristãos. Papai Noel não tem que se preocupar com crianças judias ou muçulmanas ou hindus. Além disso, as crianças boazinhas são muito poucas no mundo cristão. Além do mais, tem a questão do fuso-horário e as renas comem uma ração aditivada desenvolvida pela equipe Ferrari, que as deixa supervelozes. Dá tempo de sobra!”. Mas isso é só quando eu estou bem-humorado…

Mas ando de saco cheio de Papai Noel. Velho batuta que presenteia os ricos e esquece dos pobres. Então vou quebrar os mitos e contar a verdadeira história dessa figura.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Prefeitura inadimplente

Dos 167 municípios do RN, 61 terão dificuldades para receber recursos federais porque estão inadimplentes e com restrições no Cadastro Único de Convênios (CAUC). Infelizmente, Grossos figura entre essas cidades e tem que amargar o seu nome na lista de prefeituras que não conseguem honrar os seus compromissos. A notícia só confirma a falta de rumo do governo local. Mesmo depois de quase 7 anos consecutivos, ele ainda não se encontrou administrativamente, o que contribui para deixar o município nessa situação tão delicada.

Chances reduzidas?

Lendo a versão online do Jornal De fato do dia 08 de dezembro me deparei com uma breve análise de César Santos sobre a sucessão em Grossos. No comentário, o jornalista citava os possíveis nomes da próxima disputa eleitoral e esboçava as chances de vitória de alguns deles segundo "pesquisas, movimentos de bastidores e os ecos da vontade popular". De acordo com esse balanço, Enilson (DEM) desponta como favorito enquanto a probabilidade de êxito de João Dehon (PMDB) é bem menor.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Estado reduz recursos para Educação, Saúde e Segurança

Do Blog do Carlos Santos.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) do Rio Grande do Norte, aprovado para o próximo ano, está uma belezura em seus quase R$ 10 bilhões. O governo planejou e vai aumentar investimento em publicidade da ordem de 120%. Já quanto à Educação, a redução chega aos 7%. No quesito Saúde, o encolhimento é de 1,3%. Na Segurança Pública está a pancada mais paradoxal, para um estado que vive uma espécie de guerra civil: 22,4% a menos para o setor. Contra números não há argumentos. Explicações, talvez.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Presente e futuro reféns do passado

Quase seis décadas se passaram desde a fundação de Grossos e a cidade resiste às grandes mudanças. Os avanços registrados até aqui são tímidos, sendo, na maioria das vezes, reflexos das políticas públicas implementadas pelos governos estadual e federal. No campo da inovação, os grupos que comandaram a Prefeitura durante todo esse tempo praticamente não apresentaram nada. Até porque no plano político as gestões foram bastante parecidas.

Em 58 anos de história, o poder no município sempre esteve nas mãos de poucos e o povo à margem das decisões. Os mesmos caciques políticos ou as lideranças por eles adestradas são quem se revezam no Executivo ao longo de mais de meio século. Seja controlando a Prefeitura ou sendo a voz do Governo do Estado em âmbito local, essas pessoas jamais deixaram de influenciar os rumos desta terra. Como resultado, temos hoje uma cidade que sequer superou a discussão das necessidades mais básicas de sua população. Fincando os pés no atraso para manter os privilégios do passado, Grossos compromete o seu presente e futuro por não oferecer alternativas à perpetuação da exploração de sua gente.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Marilena Chauí: conflito é o coração da democracia

Por Vivian Viríssimo do site Sul21.

Aos 70 anos, a filósofa Marilena Chauí segue avaliando os rumos da política e as grandes transformações sociais e culturais em curso no Brasil e no mundo. Pelo seu diagnóstico, o coração da democracia brasileira está muito debilitado, uma vez que todas as formas de conflito são abafadas ou combatidas com a repressão do Estado, o que impede o avanço na garantia de direitos e no aprimoramento da própria democracia. “No Brasil, incessantemente, o conflito é transformado em crise e se joga a polícia e o Exército contra a população e os movimentos sociais. A única maneira de afirmar a legitimidade e a necessidade do conflito é mostrar que o mesmo é o coração da democracia”, falou Marilena ao Sul21.(...) Leia matéria completa AQUI.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O silêncio da cumplicidade

O calar das vozes que se faz ouvir!

Uma espécie de pacto do silêncio rege a relação entre Executivo e Legislativo grossenses. Os dois poderes raramente expõem suas diferenças de modo que a ausência de debate norteia os trabalhos da Câmara Municipal. Esta é quase uma extensão da Prefeitura, pois não oferece resistência aos caprichos do  governo local. 

Como não pensa por si e não tem vida própria, a Casa do Povo não consegue sequer determinar quais assuntos são mais urgentes para se tratar, uma vez que até isso é determinado pelo Palácio José Marcelino.

sábado, 26 de novembro de 2011

É a gota d'água!

Postagem cujo título foi sugerido pelo poeta Geová Costa.

Todos os dias a Constituição brasileira é desrespeitada e muitos dos direitos assegurados no seu texto não saem do papel. Em Grossos essa realidade superou todos os limites, pois estão banalizando o desprezo por um dos pilares da Carta Magna: a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III da CF/88).

A prolongada falta d'água em algumas comunidades rurais do município é a prova disso. O problema virou desavença política entre Estado e Prefeitura e perdura apesar da urgência de uma resposta do poder público. Ambos discutem o pagamento de uma fatura da empresa estatal enquanto a população penalizada recorre à agua de barreiro. Nessas circunstâncias, o valor do débito é que parece ser relevante e o sofrimento humano, irrisório.

Outro aspecto importante dessa celeuma são as dificuldades financeiras apresentadas como desculpa pelos governos. Notem que elas sempre aparecem nesses momentos, mas somem em época de festas populares.

E não bastasse o oportunismo dos políticos que querem converter infortúnio alheio em marketing pessoal, ainda veremos certos governantes fazerem propaganda com o cumprimento tardio do seu dever. Tudo isso é a gota d'água!É o cúmulo da má vontade política que sacrifica pessoas, despojando-as de direitos imprescindíveis à sua própria existência.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Fonte não confiável


Portal da Transparência do Governo Federal já não pode mais ser considerado uma ferramenta confiável para a fiscalização do uso do dinheiro público. Pelo menos essa é a conclusão a que provavelmente o prefeito de Grossos chegou após sua estada em Brasília. Lá ele descobriu que o cidadão comum deve realizar uma peregrinação pelos órgãos da Administração Direta ou Autárquica a fim de saber como o erário está sendo gasto. Tudo isso para confirmar as informações do Portal, que segundo sugere as declarações do prefeito, divulga dados imprecisos, induzindo as pessoas a uma avaliação equivocada.

E olha que o conteúdo desse site já confundiu várias autoridades, dentre elas a governadora Rosalba e representantes da CGU(Controladoria Geral da União) e do Ministério Público (veja AQUI). Decerto, todos eles não tinham motivo para se preocupar tanto com a situação de Grossos. Afinal de contas, deram muita importância a uma fonte que hoje sabemos não ser tão fidedigna assim.

domingo, 20 de novembro de 2011

Questionar é proibido.


Em entrevista dada ao Matemática de aula, o prefeito de Grossos confirmou que realmente tinha intenção de acionar a Justiça contra o blog Grossos online. No entanto, o chefe do Executivo não fez menção a qualquer ofensa pessoal que supostamente aquela página teria lhe dirigido. Ao que parece, a divergência se resume ao fato dele ter sido questionado sobre o convênio de R$ 600 mil destinado ao abastecimento d'água na cidade. Se a razão da discórdia for essa, então todos deveriam se preocupar. É que daqui pra frente, o município correria o risco de experimentar um novo tempo, onde o silêncio seria a regra, as críticas, “defeitos de caráter” de quem as faz, e as perguntas, quando embaraçosas demais aos olhos dos governantes, motivo suficiente para levar qualquer um de nós pra cadeia.  

Versões contraditórias


O prefeito de Grossos retornou de uma viagem à Brasília e na bagagem trouxe uma nova justificativa para a execução do convênio 633735, que destina recursos para o abastecimento d'água no município. Os ares da capital federal fizeram-no repensar a desculpa dada anteriormente, que dizia que a obra não foi realizada devido a problemas no processo licitatório ( veja AQUI). Agora, o gestor local admite que tudo está dentro da normalidade e o valor liberado já foi até gasto na construção de banheiros. O curioso é que ele só descobriu isso depois de 20 dias da vinda da governadora à cidade, oportunidade na qual o assunto ganhou maior repercussão. Assim, além de confrontar a sua versão inicial, o prefeito revela que é um administrador mal informado acerca dos investimentos do pŕoprio governo.

sábado, 19 de novembro de 2011

Aviso aos navegantes

Quero avisar aos poucos leitores desta página que nas próximas postagens o blog vai tratar da retirada do Grossos online, das explicações contraditórias do prefeito e do modus operandi da gestão "Trabalhando pra você". Aguardem.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mais regalias

É incrível como o parlamento brasileiro se empenha em votar propostas irrelevantes que só beneficiam os próprios deputados. Eles agora pretendem aumentar o valor mensal da verba de gabinete dos atuais R$60 mil para R$80 mil. Por trás do aumento existe a intenção de contratar funcionários sem concurso, além, é claro, de zombar da grande massa de trabalhadores que é quem de fato paga a conta dessas regalias.

Saiba mais AQUI.  

RN descumpre lei do Piso Nacional do Professor

Por Ana Ruth Dantas do Blog Panorama Político.

O Rio Grande do Norte está incluído entre os 17 Estados brasileiros que não cumprem a lei do Piso Nacional do Professor. Reportagem do jornal Folha de São Paulo mostrou que no Estado potiguar não está sendo cumprida a determinação legal de que os docentes passem ao menos 33% do tempo fora da sala de aula para dar assistência aos alunos e preparar aulas.

Em situação semelhante ao do Rio Grande do Norte estão outros 14 Estados. E no total são 17 que não cumprem a determinação de pagar o piso nacional do professor que é de R$ 1.187.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sentença
















Por Dagmar da Costa e Silva.*

No crepúsculo do meu destino
Verei a morte de minha existência
Na perpetuação de um triste sino
Esperarei de Deus maior clemência.

O meu espírito será um beduíno
Pelo deserto da minha consciência
Para provar no tribunal divino
Tudo aquilo que fiz por inocência.

Só eu partirei da terra como réu
Julgar-me-ão no tribunal do Céu
Deus!Qual será a minha recompensa?

Bem sabeis que a matéria sempre erra
Então certo o que sofri na terra
Rogue, meu Deus, agora minha sentença.

*Poesia extraída do livro "A Saga da Poesia Sobrevivente".

Fora do ar

O blog Grossos online está fora do ar há dias. Quem tenta acessá-lo é direcionado para uma página que informa que o mesmo foi removido. Na cidade, rumores dão conta de que o blog foi objeto de ação judicial movida pelo prefeito contra seus idealizadores. No entanto, pouco se sabe além do que dizem os boatos. Nas redes sociais ninguém ainda falou sobre o assunto e todo um mistério envolve a paralisação das atividades do referido diário virtual.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nós somos alteridade

Por Túlio Madson* via Carta Potiguar.

Nós nos tornamos aquilo que contemplamos. É pela contemplação do mundo e dos outros que nos fazemos. O que somos é algo constantemente modificado pelos outros.
 
Nem mesmo para nós somos o mesmo, assumimos inúmeras personalidades, como no filme “O médico e o monstro” baseado na obra de Robert L. Stevenson, não conseguimos lidar com o fato de que somos apenas um, enquanto tantos coexistem dentro de nós.
 
E assim, nesse embate de modos de ser divergentes nunca permanecemos o mesmo, nunca temos unidade naquilo que somos, somos sempre de um modo em uma tal ocasião, em um tal ambiente, com uma tal pessoa.  Somos sempre diferentes do que fomos a pouco e seremos sempre diferentes do que somos agora. Nossa única constância é o devir.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A lucidez das ideias(X)

"Os homens são tão simplórios, e tão dominados por suas necessidades imediatas, que um mentiroso sempre encontrará muitos prontos para serem enganados."

Nicolau Maquiavel (1469-1527).

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

No mundo da lua


Grossos fica naquele planeta distante chamado RN.
A concorrida inauguração do escritório da Emater em Grossos mostrou uma governadora pouco antenada com a realidade dos municípios potiguares. Durante o evento, ela confessou que só soube do problema da falta d'água na zona rural da cidade no dia da visita.(veja AQUI)

Sei que a “Rosa” andava meio atordoada com a crise política no seu governo, mas o desconhecimento daquela situação, que já durava 30 dias ou mais, é algo preocupante. E quando se considera o número de aliados que ela tem na cidade, aí é que fica mais difícil de entender.

Saiba mais sobre a crise política no RN no link: "Paulo de Tarso diz que Rosalba não é governadora de fato"

Lembro-me muito bem daquele 5 de setembro de 2010. A então candidata do DEM fazia campanha em Grossos e dividia o palanque com meio mundo de políticos. Pouco mais de um ano depois da festa, nenhum deles se dispôs a avisá-la rapidamente da escassez de água nas comunidades rurais.

domingo, 6 de novembro de 2011

A agilidade do Governo Rosalba

Segundo informações do Blog do Ronaldo, parte da zona rural de Grossos continua sem água mesmo após o Governo do Estado ter se comprometido a dar um basta no problema.

O descompasso entre a promessa e o seu cumprimento pelo executivo estadual já era esperado. População carente com sede não é aos olhos desse governo motivo para agir com urgência.

No entanto, se a reivindicação tratasse de alguma obra da Copa ou da reabertura de um aeroporto tenho certeza que a postura da Rosa seria outra.

Só a título de exemplo, vale lembrar que no final de agosto desse ano a ANAC interditou o aeroporto Dix Sept Rosado em Mossoró. O ato comoveu a classe política e em especial a governadora, que em 48 horas reverteu a decisão daquele órgão.

Quem dera que toda essa agilidade fosse usada em favor dos munícipes grossenses. Infelizmente, eles não conhecem nenhum governante que atue com tanta presteza e dedicação, porque isso não ocorre nas situações em que o povo realmente precisa.

'Ambulancioterapia' e saúde de referência

Charge do Blog do Amarildo.
Há poucos dias o prefeito de Grossos desfilava pelas ruas da cidade exibindo uma nova ambulância. A aquisição do quarto veículo desse tipo mostra que no quesito transporte de pacientes o governo do PSB avançou em relação às gestões passadas.

Contudo, ainda não é o bastante para dizer que a saúde pública do município vai bem, quanto menos que é uma referência para outras cidades. Podemos até ter um hospital com boa infraestrutura, mas as belas instalações do pŕedio não aliviam a dor das pessoas enfermas.

Faltam medicamentos e a qualidade do atendimento é duvidosa (ver AQUI). Além disso, apostar demais na 'ambulancioterapia' não é um bom sinal. Na prática, os responsáveis pela saúde grossense estão admitindo que ela é muito deficiente e encontra-se a anos-luz de ser modelo de qualidade para a região.
 


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tiro no pé


A questão da falta d'água nas comunidades rurais de Grossos foi certamente o item que o prefeito se arrependeu de ter colocado na sua lista de pedidos entregue à governadora na última sexta(28/10).

Se o tivesse excluído a tempo evitaria o vexame de não saber explicar porque não investe mais de meio milhão de reais na solução do problema (Leia também Sempre as licitações).

Com dinheiro em caixa e sem realizar a respectiva obra, o prefeito atestou publicamente a incompetência administrativa de seu governo. Deu um tiro no pé e perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.

domingo, 30 de outubro de 2011

Oposição devora a si mesma

Autofagia. Esse é o nome dado a uma importante função desempenhada pela célula na qual ela destrói algumas de suas próprias estruturas para renovação do conteúdo citoplasmático. Saindo da biologia e entrando na política, vemos que o mesmo termo é empregado para designar a autodestruição de um partido ou grupo que concorre ao poder.

Sendo assim, podemos dizer que a oposição em Grossos é autofágica. Está devorando a si própria porque não consegue debater outra coisa que não seja picuinha política. Enquanto se perde num desgaste desnecessário, ela municia seus adversários com argumentos, dando-lhes a tranquilidade para se reorganizarem com vistas ao próximo embate ns urnas.

Por enquanto, nenhum dos dois

A discussão sobre quem será o indicado do Governo estadual para concorrer à Prefeitura de Grossos ganhou força depois da presença da Rosa na cidade. A falta de um lugar à mesa de autoridades e o fato de não ter sido citado durante a fala da democrata indicam que Enilson(DEM) está em desvantagem em relação ao ex-prefeito João Dehon(PMDB). Mas isso já era do conhecimento de todos e não significa que a governadora resolveu o impasse. Por enquanto, ela prefere distribuir afagos para os dois lados e mantê-los esperançosos por uma decisão favorável. Com essa estratégia o governo ganha tempo e evita um desgaste maior junto ao aliados que, pelos menos até a escolha do candidato, devem morrer de amores pela ala dos Rosado controlada por Carlos Augusto.

Lobos famintos


Quando soube da inauguração do escritório da Emater em Grossos tive a preocupação de garimpar alguns detalhes sobre o evento, principalmente no tocante ao comportamento dos políticos da cidade diante da autoridade máxima do estado.

Com este fim, entrei em contato com uma amiga, que apesar de se considerar avessa à política, descreveu com muita precisão o que ocorreu no Centro Juvenil na última sexta-feira. 

Ela me disse que as lideranças municipais cortejavam o casal mais influente do RN como se fossem lobos famintos em volta de um banquete.

Montando o quebra-cabeça...


A presença da governadora em Grossos na última sexta-feira(28/10) foi, depois das convenções partidárias, o principal evento político do ano na cidade. Infelizmente, não pude comparecer ao Centro Juvenil naquela manhã, o que me faz refém dos relatos feitos pelos blogs locais.

Tal situação exige certa cautela para escrever sobre o assunto, visto que as fontes podem moldar ou omitir as informações conforme suas preferências políticas.

E isto, diga-se de passagem, é absolutamente válido, pois a parcialidade é inerente à condição humana, não havendo, portanto, nenhum problema em construir a sua pŕopria versão dos fatos.

Como já era esperado, os diários virtuais seguiram à risca essa premissa e descreveram o mesmo acontecimento com enfoques diversos.

Quem disse que a governadora não vai apoiar o candidato do DEM?


Se numa cidade a governadora tem à disposição dois nomes de sua base para apoiar, e somente um deles pertence a seu partido, é natural que ela aposte no seu colega de legenda. Porém, a escolha não será nada fácil se o outro aliado tiver obtido mais de 3.000 votos na eleição anterior. Tal situação reflete o momento político protagonizado por João Dehon e Enilson em Grossos, ambos à espera de uma decisão de Rosalba e Carlos Augusto visando à sucessão municipal.

Em breve no blog: Por enquanto, nenhum dos dois.

Enquanto o casal mais poderoso do Estado não se define, cada pré-candidato tenta mostrar para os seus correligionários que reúne mais condições de ser indicado. Isto pôde ser verificado nas convenções do PMDB e do DEM realizadas recentemente na cidade.

O Papa-Léguas está de volta

Há onze anos uma famoso desenho animado entrava para o folclore político de Grossos. Numa campanha eleitoral acirradíssima, o ex-prefeito Duquinha teve que "voar baixo" para eleger o seu sucessor. Incorporou a rapidez de um personagem bastante conhecido pelas crianças, o que logo o fez ganhar o apelido de Papa-Léguas.

Da TV para os palanques, a animação deu sorte aos seus novos amigos e estreou com pé direito na arena política grossense. O sucesso foi tanto que ela virou até símbolo da vitória do grupo situacionista nas eleições de 2000.

Mas os anos se passaram e ficou cada vez mais difícil o ex-prefeito continuar se espelhando naquela figura simpática dos programas infantis. Ele já não conseguia mais repetir o mesmo desempenho nas pistas. Longe do poder, definhou politicamente e hoje só é lembrado porque as disputas eleitorais na cidade continuam equilibradas, o que ainda lhe confere alguma influência.

domingo, 23 de outubro de 2011

A farsa da política tupiniquim


Por Genildo Costa*
Costumo dizer que o senso comum às vezes nos ajuda a compreender situações que estão intrinsecamente ligadas ao cotidiano de nosso povo. Assim sendo, fico cá com meus botões matutando pra de vez em quando assumir acertos e equívocos quando o tema é a partidarização de nossos interesses e sentimentos.

Diria que aos meus olhos nada de novo. Nada! Insisto em continuar não acreditando na pirotecnia da política rasteira e leviana. Como sempre, farto da palavra vazia e não muito crédulo para com os pretensos domadores da próxima cena da política tupiniquim. Decerto, virá a mesma alegoria, para um cortejo de pouca ou de nenhuma inovação no que diz respeito às transformações possíveis. Se nada foi alterado e tudo foi acontecendo gradualmente, sem a percepção dos serviçais da corte, é claro, que não é hora de se fazer vitrine para o embate vindouro.

domingo, 16 de outubro de 2011

A 'maior preocupação' de Grossos


O que mais preocupa Grossos neste momento? Quais as necessidades urgentes do povo grossense? Se você ainda não sabe a resposta para as essas questões certamente não assistiu à convenção do DEM no último dia 25/09 na Câmara Municipal. No evento, o pré-candidato a prefeito pelo partido foi categórico em afirmar que a maior preocupação dos munícipes era (acredite se puder!) a construção de uma ponte ligando Grossos a Areia Branca.(Ver o post “A Ponte e o Desenvolvimento"). Para dar veracidade à sua grande descoberta, o ex-vereador chegou a dizer que até uma criança de 4 anos apontaria a tal ponte como a principal reivindicação da população, desejo este supostamente emanado da voz das ruas.

Pequenas observações praianas

Por Bruno Sérvulo C. Leite.*
Ela estava modestamente vestida; o seu traje era barato, mais ajeitado no estilo da moda, ao gosto e segundo as regras que regem o seu pequeno mundo especial. Consagrado a um fim declarado e vergonhoso. As suas vestes não eram só velhas, mas até rotas, no que eu reparei, e, no entanto, àquela evidente pobreza no vestir dava-lhe um aspecto de dignidade especial que se encontra sempre nas pessoas que sabem usar um traje pobre. 

Isso sem falar que parecia ter muito menos idade do que tinha, e isso costuma acontecer às mulheres eu conseguem conservar a limpidez da alma, e o honesto e puro frescor do coração, até a proximidade inevitável da velhice. Diria que conservar esses atributos femininos seria um meio de não perder a beleza até na velhice. Ela só tinha vinte e poucos anos...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O camelo e as varetas flutuantes

O primeiro homem que viu um camelo fugiu; o segundo se aventurou a chegar perto; o terceito ousou passar um laço pelo seu pescoço. Nesta vida, a familiaridade domestica tudo, pois o que pode parecer terrível ou bizarro, quando nosso olhar tem tempo para se acostumar, torna-se comum.

E, por falar nisso, ouvi dizer que umas sentinelas que vigiavam a praia vislumbraram ao longe algo flutuando, não resistiram e gritaram: "Uma vela! Uma vela! Um poderoso navio de guerra!". Cinco minutos depois era um barco à vela, depois um esquife, em seguida um fardo e, finalmente, algumas varetas flutuando. Sei de muita gente a quem esta história se aplica - gente a quem a distância amplia, mas que de perto não vale nada. *

*Fábulas Selecionadas, Jean de La Fontaine(1621-1695).

sábado, 1 de outubro de 2011

A Comédia da Vida Política de Grossos


Uma das características da população mais carente de Grossos é a capacidade de transformar os problemas do dia a dia em mote para histórias engraçadas. Desamparada pelo poder público, ela ri das próprias dificuldades até como uma forma de atenuar o sofrimento causado pelas mazelas sociais das quais é vítima. Mas em matéria de humor, temos que admitir uma coisa: o povo nem de longe supera os seus representantes na política. Estes sim atuam como verdadeiros artistas, pois parecem ter o dom de provocar risos, conseguindo ser patéticos até mesmo quando não querem. Em nada deixam a desejar em relação a um bom palhaço, com a ressalva de que este profissional inspira muito mais respeito porque não trabalha com o fim de enganar as pessoas, mas para divertí-las apenas.

Um começo arrasador


Os ditos socialistas do município denominaram sua convenção de Congresso. Todavia, de grande evento a reunião do pessebistas só tinha o nome. Ela foi esvaziada pela alta rejeição ao prefeito, registrando baixa participação popular se comparada com as de outros partidos. Mesmo assim, os congressistas do PSB não se intimidaram. Afinal, tinham sobre os seus ombros a difícil missão de abrir o show de humor, uma honra que não poderia ser ofuscada pela falta de entusiasmo gerada por uma plateia reduzida. Por isso, o líder maior do grupo chamou para si a responsabilidade e presenteou o público com uma daquelas piadas que ninguém consegue conter a risada. Ele disse que Grossos tornou-se uma cidade mais INDEPENDENTE. Esta declaração mostra o quanto estes políticos estão empenhados em ser bons comediantes.

Gregos e troianos na convenção dos bacurais


O PMDB grossense também deu sua contribuição à prévia da Grande Comédia. Agora mais fortalecido pela filiação do ex-prefeito João Dehon, o partido fez aliança com o PT e dessa união é que surgiram algumas situações engraçadas (ou seriam constrangedoras?) na convenção dos bacurais realizada na Câmara Municipal. Convidados pela coordenação do evento, o reitor da Ufersa, Josivan Barbosa, e o ex-candidato a vice-prefeito de Mossoró, Tércio Pereira, ambos petistas, tiveram de ouvir algumas declarações apaixonadas de aliados do Governo Rosalba e da prefeita Fafá Rosado. Falou-se, por exemplo, na “grande administração” de Fafá além de outros elogios endereçados à gestão estadual do DEM.

Como forjar uma fala emotiva


Em outras épocas, os políticos se destacavam mais na arte de fingir aquilo que não sentiam. Os discursos eram bem elaborados e quando combinados com uma encenação impecável, davam a impressão de que o orador realmente estava tomado pela emoção. De uns tempos pra cá, porém, essa técnica foi praticamente esquecida. Cedeu lugar para um improviso pouco convicente, que se tornou peculiar entre os políticos da atualidade. Joao Dehon faz parte dessa nova safra de oradores, que se atrapalham ao tentar contruir uma fala emotiva sem o sentimento correspondente às suas palavras.

O Discurso Reciclável


Outro ponto a ser destacado na intervenção do mais novo filiado do PMDB é a repetição do seu discurso. Ele é atemporal, não muda com o tempo. Não importa se foi proferido em 2004, 2008 ou vai ser dito daqui a um ano. Será sempre o mesmo porque é desconectado da realidade. Se apoia em dois pontos principais: o apelo religioso (do tipo “Deus está conosco”) e uma referência histórica, que invariavelmente faz menção à defesa de Rui Barbosa na disputa entre os estados do Ceará e do RN para anexar Grossos aos seus domínios.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

De carnaval e política


Com o fim das convenções partidárias em Grossos e cessada a euforia típica do momento político, é hora de fazermos uma análise de tudo que aconteceu nesses dias de intensa movimentação. Mas antes de qualquer comentário, há que se observar a clara distinção entre carnaval e política. Na cidade, esses dois elementos estão fortemente associados, mas não significam a mesma coisa. Geralmente o primeiro deles torna-se o disfarce da tragédia na qual se transformou o segundo. Por isso, a avaliação isolada da festa, que é usada para atrair a atenção do povo, não deve ser estendida para compreender os fatos políticos. No entanto, quase sempre ela serve a este propósito no intuito de confundir a maioria que absorve sem questionar a lógica dos principais caciques da política local.

Plenamente dissociados, carnaval e política não têm muito a ver um com o outro. E feita essa separação percebe-se que toda aquela história de “festa da democracia” onde o povo é a maior liderança é balela. Na verdade, o povo é manipulado pela liderança. Se ao menos em algum momento lhe fosse devolvida a sobriedade emocional, veria que não há nada para se festejar. Muito pelo contrário, existem razões de sobra para se lamentar. E é isso que vou mostrar nas postagens seguintes: um cenário político desolador marcado pela perpetuação de interesses espúrios e pela falta de alternativas para a construção de uma cidade melhor.


sábado, 24 de setembro de 2011

O filho mais velho da negligência


Ele ainda é uma criança. Tem apenas 4 anos, mas já provoca muito incômodo na cidade. Filho mais velho de uma prole repugnante gerada no ventre da negligência, ele foi concebido durante o governo do PSB grossense de quem até hoje recebe proteção. Ao ser batizado ganhou um nome bastante esquisito, que contém números em vez de letras. Chama-se 583084, uma referência ao convênio celebrado pela Prefeitura de Grossos para a construção do matadouro público municipal.

O parto dessa jovem criatura ocorreu em 03/09/2007 e custou R$ 146.250 aos cofres públicos. Um verdadeiro luxo para alguém oriundo de uma cidade com precários serviços de saúde. Nascido, pois, em berço de ouro, o “bebê” não teve dificuldades nestes primeiros anos de existência. Se desenvolveu muito bem, sempre aos cuidados do descaso da administração pública, um dos seus padrinhos prediletos.

domingo, 18 de setembro de 2011

Agitar é preciso!

“Agitador, sim! Como é possível conceber a vida sem agitação? Porque o vento agita a planta, o pólen se une ao pólen de onde nasce o fruto e se abotoa a espiga que amadurece nas searas. O gameto masculino busca o óvulo porque há uma causa que o agita. Se o coração não se agita, o sangue não circula e a vida se apaga. Que dizer da bandeira que se hasteia ao mastro e não se agita? É uma bandeira morta. Qual é, por excelência, o mérito tão grande de Bartolomeu de Las Casas? Haver agitado de maneira extraordinária o problema do índio durante sua larga e fecunda existência. É agitando que se transforma a vida, o homem, a sociedade, o mundo. Quem nega a agitação, nega as leis da natureza, a dialética, a ciência, a justiça, a verdade, a si próprio. Sabe o físico que para
manter a água cristalina tem de agitá-la antes de lhe derramar o sulfato de alumínio que toma as partículas de impureza e desce com elas para o fundo. Manda o médico que se agite certos remédios no momento de tomá-los e o
farmacêutico chega a escrever nas bulas este aviso: ‘Agite antes de usar”.

O crime não está em agitar, mas em permanecer imóvel. Uma sociedade que não se agita é como um charco, suas instituições se estagnam e apodrecem. Inútil, portanto, é tentar reprimir a agitação, envolvendo-a nas malhas do libelo acusatório. Tudo passa sobre a face da terra e debaixo das estrelas, os impérios, as tiranias, os carrascos. Mas a agitação nunca passará. Nem que haja a consumação dos séculos de que falam os profetas bíblicos.
 

É que ela, a agitação, se nutre de uma paixão. A paixão da verdade.”* (grifo nosso)

*Francisco Julião , advogado e político pernambucano que se dedicou à organização dos trabalhadores rurais em ligas camponesas.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

De Minha Alma Pagã

Por Genildo Costa.*

Como se não bastassem as inúmeras tentativas de que tenho feito para continuar transitando diuturnamente nesse universo, que elegi para viver condignamente, agora me chega de súbito uma outra prerrogativa, diria não muito relevante para com a minha singular maneira de ser e de estar.

Confesso que não ando muito otimista com o que vejo e nem tampouco com essa grande possibilidade de perdermos a noção do ridículo. Pois, a moldura exposta não deve por muito tempo saciar-se de sua própria imagem. Tão opaca quanto a mais perversa submissão que paira sobre os cristais de nossos eternos e infinitos devaneios. Que seja assim, detentora de muitos artifícios para continuar alimentando, até enquanto houver resistência, os vermes que decompõem em vida verdades e mentiras de tua alcova.

Para além de minha aura que estejam somente as minhas sinceras e eternas convicções de não poder jamais prescrever o antídoto desse receituário, que me rouba o sossego e me tira a paz que um dia tive que buscá-la em um lugar qualquer de meu imaginário. Tão doutrinário e tão fugaz é a tua servilidade. Não creio mais naquilo que se publica e que até então se apresenta com tamanha notoriedade. Faço e refaço como se fôssemos tal qual os alquimistas na sua particularidade de reinventar a mais inovadora terapia assentada sobre os pilares da razão profana e da fé que sonhei um dia em alcançá-la. Pereço e retorno o percurso, mesmo que tardiamente. Assim, insisto em viver intensamente o mais sublime momento de depuração de minha alma pagã.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E se Jesus fosse neopentecostal?

Imagem extraída do mesmo blog.
Por Felipe Almada do Blog Fé e Razão.

Se Jesus fosse neopentecostal, não venceria satanás pela palavra, mas teria o repreendido, o amarrado, mandado ajoelhar, dito que é derrotado, feito uma sessão de descarrego durante 7 terças-feiras, aí sim ele sairia. (Mt 4:1-11)

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria feito simplesmente o “sermão da montanha”, mas teria realizado o Grande Congresso Galileu de Avivamento Fogo no Monte, cuja entrada seria apenas 250 Dracmas divididas em 4 vezes sem juros. (Mt 5:1-11)

Se Jesus fosse neopentecostal, jamais teria dito, no caso de alguém bater em uma de nossa face, para darmos a outra; Ele certamente teria mandado que pedíssemos fogo consumidor do céu sobre quem tivesse batido pois “ai daquele que tocar no ungido do senhor” (MT 5 :38-42)

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria curado o servo do centurião de cafarnaum à distância, mas o mandaria levar o tal servo em uma de suas reuniões de milagres e lhe daria uma toalhinha ungida para colocar sobre o seu servo durante 7 semanas, aí sim, ele seria curado. (Mt 8: 5-13)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Biografia da corrupção

Por Romeu Prisco do site Direto da Redação.

A corrupção é a "entidade", se assim pode ser denominada, mais antiga do mundo. O pecado original, cometido por Adão e Eva, nada mais foi que um ato de corrupção, praticado pela serpente. Portanto, a corrupção nasceu quando Adão e Eva aceitaram a maçã que lhes foi oferecida pela serpente, podendo este ofídio ser considerado o primeiro corruptor conhecido.

Embora oriunda do Jardim do Éden, a corrupção é apátrida, encontrando-se, em maior ou menor escala, em todos os recantos da Terra. Remontando a milênios, sua idade é ignorada. É amorfa, mas, por isso mesmo, pode apresentar-se de inúmeras formas. Até o crime, como o assassinato de Abel por seu irmão Caim, constituiu uma das suas variantes. A corrupção é algo em permanente estado de adaptação e mudança.

Reis, imperadores, conquistadores, desbravadores, colonizadores e catequizadores foram corruptos, obtendo vantagens e favores indevidos, e corromperam, concedendo vantagens e favores indevidos. A plebe e o povão, se não corromperam, deixaram-se corromper conscientemente. Os descobridores de novos países, como no caso do Brasil, ao depararem com os nativos das terras descobertas, geralmente indígenas, cobriam-nos de adornos, presentes diversos e bebidas alcoólicas. Pronto ! Consumava-se o primitivo "contrato" de corrupção.[...]Leia o texto completo AQUI.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fragmentos da música...

"E a vida já não é mais vida
No caos ninguém é cidadão
As promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
Perdido em números de guerra
Rezando por dias de paz
Não vê que a sua vida aqui se encerra
Com uma nota curta nos jornais"


Trecho da música "O Calibre" de Herbert Vianna.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um fantasma ronda a Prefeitura


Alguns cantaram o fim de sua carreira política e decretaram até mesmo sua aposentadoria depois do último pleito eleitoral. Mas nada disso aconteceu. Vencendo todos os prognósticos desfavoráveis, João Dehon volta a sacudir a política grossense pelo peso de sua liderança. No sábado passado (03/09), ele deu mais uma demonstração de força política na cidade. A seu convite, centenas de pessoas lotaram as dependências de sua casa para tratar dos preparativos da convenção do partido ao qual se filiará no final do mês.

A toda-poderosa


Depois que o Governo Rosalba Ciarlini (DEM) garantiu que as indústrias que estão instaladas em Baraúna são obras suas;
Depois que exultou o sucesso do leilão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante como conquista sua;
Depois que divulgou que a reabertura do Aeroporto Governador Dix-sept Rosado só aconteceu devido sua intervenção…
… Resta saber se o gol olímpico de Ronaldinho Gaúcho, contra o Avaí, foi mesmo dele ou se a governadora não teve participação direta no feito.
Também há suspeita de que o ditador Kadafi, da Líbia, só foi deposto por articulação sua com forças rebeldes, da Otan e ONU.

domingo, 4 de setembro de 2011

Elogio da Preguiça


Crônica de Fernando Sabino.*

Quando me pediram que escrevesse sobre um dos sete pecados capitais, havia apenas dois ainda disponíveis: a Gula e a Preguiça. Sugeriram-me a Gula, mas aí, que preguiça! como diria Macunaíma: por índole e vocação, escolhi a Preguiça.

Já me dispondo preguiçosamente a desimcubir-me da tarefa, ocorreu-me que o tamanho requerido era de cento e quarenta linhas.

__Cento e quarenta linhas? __busquei confirmação, apreensivo, calculando de cabeça: __Mas deve dar mais de quatro páginas...
__Isso mesmo __confirmaram: __Mais de quatro páginas.

E logo sobre a Preguiça, da qual teria tanto a dizer __não fosse a sua existência mesma a pavimentar até o inferno o caminho das minhas boas intenções.

Pecador impenitente, ocorreu-me de saída levantar suspeição sobre a condição de pecado que as Sagradas Escrituras lhe atribuem, ainda mais de um dos sete pecados capitais. De bom grado o substituiria por outro __a Impaciência, por exemplo, que, por um lapso, foi omitida como oitavo e que me parece ser o inspirador de todos eles.

A imprensa educa?

Por Dioclécio Luz do Observatório da Imprensa.

"Há algo de comum – e trágico – entre escola e imprensa: as duas instituições, por natureza, são conservadoras, as duas reproduzem a sociedade nos seus valores e, muitas vezes, nas suas patologias. Se o jornal faz um jornalismo que agrada ao seu leitor/cliente, sem novidades, a escola oferece um ensino que agrada à família, à sociedade, à igreja. A imprensa conservadora alimenta a escola conservadora. Ocorre que no meio tem uma criança e se tem algo na vida que não é conservador é criança. Os pais, leitores dessa imprensa conservadora, e seguidores de uma religião quadrada (como quase todas), quer que a escola seja quadrada e conservadora. É comum os pais determinarem à escola: “Faça com que essa criança me obedeça”. E a escola investe nisso porque os pais querem." LEIA MAIS...

Pequena crônica da ressaca

Por Bruno Sérvulo.*

Se ontem me exprimi acerca dela daquela maneira, foi só porque eu
estava vergonhosamente embriagado e até... Até tinha pedido juízo: sim,
estava meio tonto, completamente louco... E hoje me sinto envergonhado.
E que desculpa era essa de estar embriagado? Uma desculpa estúpida que
me humilhava ainda mais! No cachorro engarrafado está a verdade e, de
fato, a verdade completa saíra à luz, isto é, aflorara à superfície toda a
maldade de meu coração, grosseiramente sincero.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cristovam: investir em estádios e não em educação é 'corrupção de prioridades'

Da Agência Senado.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) cobrou nesta segunda-feira (29) mais atenção do governo à área de educação. O senador criticou o desconhecimento, por parte do Ministério da Educação, do número de crianças que estão sem aulas em razão de greves por todo o Brasil e lamentou que o governo priorize áreas como o incentivo à indústria automobilística e a infraestrutura para a eventos esportivos, prática que definiu como "corrupção de prioridades".

- Quero dar aqui uma sugestão aos professores em greve: vão para a frente de cada estádio da Copa e coloquem uma faixa bem grande: este prédio é um exemplo de corrupção nas prioridades - sugeriu o senador, que considera que o dinheiro está sendo aplicado no benefício dos turistas, em detrimento dos brasileiros.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O desfile continua


Há poucos dias comentei neste blog que o TCE-RN tem lembrado com frequência dos políticos de Grossos devido aos indícios de irregularidades nas suas prestações de contas junto àquele órgão julgador. A lista com os nomes desses "notáveis" homens públicos já estava de bom tamanho, mas a Câmara Municipal também queria entrar pra história. Por isso, enviou o seu representante para o desfile na passarela do Tribunal. Essa participação, no entanto, não causou surpresa a ninguém, pois Legislativo e Executivo adotam a mesma falta de transparência na gestão dos recursos públicos. Com tanta semelhança, imaginem a ciumeira de um poder em relação ao outro se aquela corte não lembrasse de um deles. Em tempo, os ministros desviaram os holofotes para o parlamento grossense que, feliz com os seus 15 minutinhos de fama, manteve a harmonia no mundo das celebridades da política local.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Alto custo da ignorância penaliza a sociedade

A educação potiguar adentrou mesmo numa "Era das Trevas". O sinal mais contundente desses tempos sombrios foi anunciado pela própria governadora durante a Ficro. Mostrando-se um pouco exaltada, ela insinuou no seu discurso que manter a UERN custa muito "caro" aos cofres públicos. Uma demonstração inequívoca do tipo de política educacional que o estado pretende levar adiante. Por esta orientação, a educação no RN deve definhar ainda mais nos pŕoximos anos, penalizando severamente a sociedade com o alto preço da ignorância. A relação que existe entre essa concepção reacionária e os prejuízos para a população foi muito bem destacada pelo jornalista Crispiniano Neto no artigo que reproduzo a seguir:

Só acha que custa caro gastar com educação quem não entende o custo da ignorância (extraído da coluna "Prosa e Verso" do De Fato)

Por mais respeito que possamos e devamos ter pela governadora Rosalba Ciarlini, não dá para engolir calado o seu "palpite infeliz" quanto ao fato de a Uern "custar" 500 mil reais por dia. Primeiro, a ideia de "custo", quando se fala de Educação, Saúde ou Segurança, é uma aberração. Essas políticas públicas são consideradas serviços essenciais, portanto, deveres do Estado, até mesmo pelos neoliberais mais empedernidos dos segmentos mais direitistas do seu farisaico DEM. Educação é investimento. Isso está em qualquer cartilha de ABC de educação política. Uma chefa de Estado se lamuriar de público pelos "custos" de uma universidade é doloroso. Pior ainda é saber que ela, a governadora, é chanceler dessa instituição que, dos seus duzentos e poucos dias de governo, está há mais de cem em greve, sem que ela demonstre a menor preocupação por isso. Age como que anestesiada, diante da dor pública.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A erotização precoce por meio das músicas

Por Erasmo Firmino do Blog do Tio Colorau.

Houve época em que as crianças se vestiam como adultos em miniatura. Os meninos de terno e as meninas de vestido. A descoberta das crianças pelo capitalismo trouxe-lhes hábitos próprios e vestimentas coloridas, com formatos condizentes com sua condição de criança. O que vemos na televisão hoje são crianças imitando adultos, incentivadas pelos pais e por apresentadores que acham isto bonitinho.

Nos canais abertos já vimos Mamonas Assassinas, Lady Gaga, “Rebolation”, Superman e Mulher Maravilha e tantos outros. Um desfile de imitações de marmanjos metidos a cantor que escondem por trás do jeitinho engraçadinho dos imitadores uma relação bizarra dos adultos com a infância.

Será que os pais um dia pararam para pensar o que os filhos estão imitando? O que diz as letras destas pseudomúsicas? Nem estou entrando no mérito da pobreza melódica. Estou me reportando ao tema abordado. Tomemos o conteúdo de uma música chamada “Rebolation”: “Alô minha galera, preste atenção: Rebolation é a nova sensação! Menino e menina, não fiquem de fora, que vai começar o pancadão. O swing é bom. Gostoso demais. Mulheres na frente, os homens atrás”.

Sem me referir à rima pobre, o que chama a atenção é o duplo sentido. O verso narra uma dança de baile funk com um apelo sexual implícito. E os pais acham bonitinho quando seus filhos rebolam isto.[...] Leia o artigo completo AQUI.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Conferência dos Aliados



O prefeito de Grossos reuniu as principais lideranças da situação para tratar da escolha de um nome que represente seu grupo político nas eleições de 2012. O encontro marca oficialmente o início de um debate interno que, diga-se de passagem, já começa com muito atraso, uma vez que a oposição dispõe há mais tempo de um forte candidato para concorrer à sucessão. 

Toda essa demora, porém, tem sua razão de ser. Ela pode ser reflexo de uma decisão que não contemple nenhum dos pré-candidatos que compareceram àquela reunião. Tal possibilidade aponta para a indicação de um nome que nem mesmo faça parte do leque de alianças do governo local.(ver detalhes AQUI)

Temerosos de que isto venha acontecer, os postulantes à unção do prefeito cuidaram logo de demonstrar o quanto estavam descontentes, o que forçou o chefe do executivo a chamá-los para uma conversa. Daí é que surgiu a primeira conferência dos aliados, muito mais para acalmá-los, alimentando-os com a falsa esperança de ser o escolhido, do que propriamente se chegar a um consenso para o próximo pleito.

domingo, 21 de agosto de 2011

O poder da blogosfera cresce e preocupa

Por Altamiro Borges do Blog do Miro.

Na sessão de ontem (19) do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Carmem Lúcia mostrou-se preocupada com o crescimento das redes sociais no país. Ela chegou a afirmar que a internet é “uma praça virtual que pode depor governos”. Vice-presidente do TSE, ela garantiu que o acompanhamento das redes sociais será um dos principais desafios do órgão nas eleições municipais de 2012.

O pronunciamento da ministra, que presidirá o TSE no próximo ano, confirma que a internet passou a incomodar as estruturas de poder. Alguns setores inclusive já pregam maiores restrições à liberdade na rede. O deputado tucano Eduardo Azeredo é autor de um projeto que aumenta o controle e a vigilância na internet – já batizado de AI-5 Digital. Na sua fala, a ministra do TSE enfatizou que nenhuma medida nesta área pode “comprometer a liberdade de expressão”. Mesmo assim, é bom ficar esperto!

21 milhões recorrem aos blogs

Da timidez

Por Luís Fernando Veríssimo.*

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar.

Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico: só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.

Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando "Não me olhem! Não me olhem!", só para chamar a atenção.

Desigualdade














Por José Ribamar*

No vigésimo andar
Dum prédio de luxo,
Tirado dos sonhos
Da sociedade,
Num leito de culpas
Dorme um avarento
Respirando pura
Luxuosidade.

No térreo do prédio,
Do lado de fora,
Entregue ao descaso,
Exposto à maldade,
Cochila um mendigo
Nos braços da fome,
Nascida do ventre
Da desigualdade...

O dia amanhece,
O mendigo foge
Com medo do braço
Da hostilidade,
Deixando sinais
De um trapo de vida
Vivida sem chance
De dignidade...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ex-prefeito de Grossos é destaque em coluna de jornalista renomado

O jonalista e consultor político Gaudêncio Torquato reproduziu na sua coluna Porandubas do site Migalhas uma história que tem como personagem o ex-prefeito de Grossos Raimundo Pereira. A narrativa, extraída do livro "Só Rindo 2" do blogueiro Carlos Santos, lembra um episódio engraçado protagonizado por Raimundo e o então senador Agenor Maria, quando o primeiro reivindicava uma escola para a comunidade de Pernambuquinho. Leia abaixo o "causo" que Torquato fez questão de destacar na sua coluna:

"O passarinho do senador
Quando senador pelo RN, Agenor Maria (sindicalista rural, falecido em 1997), visitando o município de Grossos, foi interpelado pelo prefeito Raimundo Pereira. "Estamos precisando de uma escola para a comunidade de Pernambuquinho". De pronto, Agenor garantiu-lhe apoio à proposição. Semanas depois, um telegrama traz a boa-nova ao prefeito. "Escola está assegurada. Mande-me o croqui (esboço da obra)". Tomado pelo espírito de gratidão, Raimundo visita Agenor para agradecer o empenho, carregando uma gaiola à mão. Diante do senador, que estranha o acessório, Raimundo vai logo se explicando. "Eu não peguei um concriz como o senhor pediu, mas trouxe esse sabiá. O bichinho canta que é uma beleza!"


Leia também: "Só Rindo 2" tem histórias focalizadas em site nacional

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O mais importante é o que não foi dito

Artigo de Carlos Castilho publicado originalmente no blog Código Aberto e reproduzido pelo Observatório da Imprensa.

A declaração de princípios editoriais publicada pelas Organizações Globo neste final de semana deve ser analisada no seu contexto mais do que pelo seu conteúdo. Isto implica um exercício um pouco mais complicado do que a mera interpretação de um texto que, tirando algumas referências à internet, poderia ter sido publicado há 10 ou 20 anos.

O documento produzido pelos diretores da área jornalística reproduz o discurso convencional em matéria de definições, normas, procedimentos e valores da prática do jornalismo com exceção da parte relativa à participação do público na produção de notícias. Neste item o texto deixa em aberto a possibilidade do jornalismo ser praticado por amadores, o que pode criar atritos com os sindicatos da categoria.

Há vários outros pontos onde provavelmente surgirão debates acalorados sobre como, quando e com que objetivos deve ser exercido o jornalismo. Mas o mais importante não consta do texto do documento. É a conjuntura na qual a atividade jornalística está sendo exercida depois do início da revolução tecnológica, responsável pela avalancha informativa que está alterando os conceitos convencionais de informação, comunicação e principalmente de jornalismo.

Sem mencionar o que realmente está por trás da declaração de princípios jornalísticos, as Organizações Globo abriram um espaço para que a contextualização possa ir além do que os autores do texto pretendiam. E é isto o que faremos. O texto parte de uma realidade informativa em profunda transformação. A batalha pelo poder é hoje a batalha pelos corações e mentes das pessoas. Para ganhar corações e mentes é preciso usar a informação, por isto ela tornou-se estratégica.

Preconceito norte-americano

Uma diplomata dos EUA disse em uma sala de aula na Índia que sua pele estava "suja e escura" como a das crianças que lhe ouviam. Essa declaração torna-se ainda mais impactante por ter sido dita por uma representante de uma país cuja autoridade máxima é um negro. Contraditório e repugnante, tal preconceito assusta porque mesmo num governo comandado por um descendente de africano, ele conseguiu ocupar espaços importantes a ponto de difundir sua intolerância mundo afora.


Leia também: Diplomata dos EUA causa revolta na Índia após dizer: 'sem banho eu fico suja e escura como vocês'

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bomba-relógio

A recente saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa me fez recordar de um dos vários motivos que levaram ao insucesso eleitoral de João Dehon em 2004.  A ligação com o passado não tão distante se dá sobretudo pelo tratamento dispensado pelo ex-prefeito de Grossos aos seus adversários, que na sua gestão desfrutavam até mesmo da intimidade do poder.

A exemplo de Jobim, eles gozavam de privilégios junto ao governo, ocupavam cargos importantes, mas eram ferrenhos opositores da administração petista. E em muitos casos, a posição política desses auxiliares era publicamente conhecida, o que logo contribuiu para o descontentamento dos verdadeiros aliados. Estes, sentindo-se desprezados, perderam a motivação que outrora foi responsável pela eleição do ex-mandatário da cidade.

Sem perceber as consequências de manobra política tão arriscada, João armou para si uma bomba-relógio. Curiosamente, não a desativou em tempo hábil, permitindo assim que ela fosse acionada justamente durante a campanha eleitoral. Como previsto, a explosão ocorreu e vitimou principalmente os seus correligionários, que foram gravemente atingidos pelos destroços da confiança quebrada. Fragilizados pela falta de entusiasmo e de união, eles marcharam como um exército em frangalhos rumo ao fracasso nas urnas que pôs fim às pretensões de seu candidato.

Próximas postagens: "O desfile continua" - "A conferência dos aliados"

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A metástase da corrupção

O Governo Dilma não consegue estancar a avalanche de denúncias que pesam sobre seus ministérios. A cada dia novas acusações revelam que a corrupção já atingiu parcela importante do corpo de auxiliares da presidenta. E a tendência é que essa patologia política não encontre obstáculos ao seu avanço. Assim como um câncer agressivo, sofreu metástase e alastra-se sem controle pelo estado brasileiro.

Em face disso, as medidas adotadas pela Chefe da nação são inócuas. No máximo, proporcionarão um efeito momentâneo ou uma aparente melhora que logo sucumbirá ao próximo acordo indecente. Se quiser mesmo remediar essa situação em vez de oferecer apenas paliativos, o foco de sua atuação deve pairar sobre as regras que facilitam a disseminação do problema. E isto só será possível quando for feita uma reforma política comprometida mais com a sociedade e menos com os partidos, que já não a representam mais.

Alento aos desolados com a Igreja

Por Leonardo Boff
 
Atualmente há muita desolação com referência à Igreja Católica institucional. Verifica-se uma dupla emigração: uma exterior, pessoas que abandonam concretamente a Igreja e outra interior, as que permanecem nela mas não a sentem mais como um lar espiritual. Continuam a crer apesar da Igreja.

E não é para menos. O atual Papa tomou algumas iniciativas radicais que dividiram o corpo eclesial. Assumiu uma rota de confronto com dois importantes episcopados, o alemão e francês, ao introduzir a missa em latim; elaborou uma esdrúxula reconciliação com a Igreja cismática dos seguidores de Lefebvre; esvaziou as principais intuições renovadoras do Concílio Vaticano II, especialmente o ecumenismo, negando, ofensivamente, o título de “Igreja” às demais Igrejas que não sejam a Católica e a Ortodoxa; ainda como Cardeal mostrou-se gravemente leniente com os pedófilos; sua relação para com a AIDs beira os limites da desumanidade. A atual Igreja Católica mergulhou num inverno rigoroso. A base social de apoio ao modelo velhista do atual Papa é constituída por grupos conservadores, mais interessados nas performances mediáticas, na lógica do mercado, do que propor uma mensagem adequada aos graves problemas atuais. Oferecem um “cristianismo-prozac”,apto para anestesiar consciências angustiadas, mas alienado face à humanidade sofredora e às injustiças mundiais e a situação degradada da Terra.