segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O desfile continua


Há poucos dias comentei neste blog que o TCE-RN tem lembrado com frequência dos políticos de Grossos devido aos indícios de irregularidades nas suas prestações de contas junto àquele órgão julgador. A lista com os nomes desses "notáveis" homens públicos já estava de bom tamanho, mas a Câmara Municipal também queria entrar pra história. Por isso, enviou o seu representante para o desfile na passarela do Tribunal. Essa participação, no entanto, não causou surpresa a ninguém, pois Legislativo e Executivo adotam a mesma falta de transparência na gestão dos recursos públicos. Com tanta semelhança, imaginem a ciumeira de um poder em relação ao outro se aquela corte não lembrasse de um deles. Em tempo, os ministros desviaram os holofotes para o parlamento grossense que, feliz com os seus 15 minutinhos de fama, manteve a harmonia no mundo das celebridades da política local.


Luz, câmera, omissão!

As despesas sem comprovação que motivaram a decisão contra o presidente da Câmara Municipal remontam o ano de 2007. De lá pra cá, ele continuou no cargo (é quase um presidente vitalício), antecipou sua reeleição e ainda realizou uma reforma na Casa que até hoje não se sabe quanto custou. Sem questionamento de seus pares, consegue tudo o que deseja. Na sua gestão, é impressionante como o Legislativo tornou-se tão unido e consensual. Contudo, não se engane. Todo esse clima amistoso entre os vereadores não significa maturidade política. Apenas quer dizer que eles são unânimes em defender seus pŕoprios interesses em detrimento da obrigação de fiscalizar a aplicação do dinheiro público.

Infelizmente, para os edis do município, o erário tem cor partidária e só deve ser protegido quando maltratado pelos adversários. Somente a estes são endereçadas as críticas que tornam-se, portanto, seletivas. Nesse caso, como bem lembra o professor Renato Janine Ribeiro, todos são cúmplices! A omissão, produto da camaradagem e do corporativismo, é o ingresso que permite a continuidade desse triste espetáculo sob os olhos perplexos de uma sociedade politicamente apática.

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