segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pra depois das horas mortas

Por Genildo Costa.
Ao poeta e parceiro Marcos Ferreira.

Aqui acolá a preguiça vacila e aí eu me aproveito de sua falta de percepção para não mais insistir em tratar do óbvio. Sem alarde. Sem que os outros passem despercebidos quando o tema vier a ser a nossa total ausência de se sentir capaz de ir a diante. De se sentir presente. De não mais ter que embarcar naquela de postar a voz e fazer valer a sua mais sincera hipocrisia. Aos hipócritas, claro, todas as flores de qualquer manhã de setembro, pois, só assim, eles se sentirão, verdadeiramente, tal qual o riso falso dessa eterna loucura de não mais ser o que sempre sonhamos para todos nós.

Que possamos, então, nesses momentos de profunda agonia aguardar a hora certa para não mais ter que buscar lenitivo em qualquer esquina, pois até agora há pouco vi passar pelas tabelas o último confidente que me fez acreditar que amanhã será outro dia. Pois nesse compasso de embriaguez exposta, o desencanto. A estética vencida. O traço que não identifica sequer as cores de nossa rebeldia. O que fica parece ser a nossa falta de elegância quando tentamos persuadir para fazer valer a mesma fala....Que já não mais está comigo e muito menos com o alarido das ruas.


Agora é como quem aguarda, com ansiedade, o parto da palavra nova. Proclamá-la é inevitável,por mais que tentemos construir atalhos dessa amanhã que virá. Impávida. Suave como a brisa de tantas marés que perdi na solidão dos caminhos. Sem métrica,sem rima e nunca dor. Que seja concebida com seu labor para não ser maculada, tão precocemente, como as outras margaridas de um jardim em flor.

Esvai-se por assim dizer que nessa aridez desse chão fértil estás tal qual o catador de sonhos que tratou de semear toda terra e não conseguiu sequer tragar a fragrância dos frutos de sua colheita. Não consigo compreender, por mais que tente, essa total particularidade de se fazer clausura e medo. Seria esses predicativos que nunca estiveram na pauta de minhas aspirações e que só agora passaram a ocupar espaço no imaginário dessa minha ingênua sensatez. Infelizmente.

Que saudemos, pois, o verbo com toda sua credulidade. Há tempo de sobra de se ver de perto este invólucro que traz na sua pulsação sinais visíveis da iminente tragédia. Há passos lentos. Tão assustador quanto a mãe natureza quando decide,soberanamente, deixar todos nós agonizando de sede em frente ao mar...!!!!!!!



Genildo Costa é poeta e músico.

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