domingo, 23 de outubro de 2011

A farsa da política tupiniquim


Por Genildo Costa*
Costumo dizer que o senso comum às vezes nos ajuda a compreender situações que estão intrinsecamente ligadas ao cotidiano de nosso povo. Assim sendo, fico cá com meus botões matutando pra de vez em quando assumir acertos e equívocos quando o tema é a partidarização de nossos interesses e sentimentos.

Diria que aos meus olhos nada de novo. Nada! Insisto em continuar não acreditando na pirotecnia da política rasteira e leviana. Como sempre, farto da palavra vazia e não muito crédulo para com os pretensos domadores da próxima cena da política tupiniquim. Decerto, virá a mesma alegoria, para um cortejo de pouca ou de nenhuma inovação no que diz respeito às transformações possíveis. Se nada foi alterado e tudo foi acontecendo gradualmente, sem a percepção dos serviçais da corte, é claro, que não é hora de se fazer vitrine para o embate vindouro.


Não se faz necessário. Sabe-se que pra se chegar bem próximo da fronteira desse oásis basta regar com cuidado e zelo que tudo pode acontecer. O triunfo da ociosidade, a ausência de interesses pelas coisas relacionadas à discussão política incomoda a alguns e acomoda os senhores da Casa Grande e Senzala. Pois, as estratégias que continuam em vigor desde o nascedouro parecem intactas. Consolidadas. Sem que ninguém ouse em contrariar os interesses do príncipe na sua voracidade.

Nada por acaso por essas terras de maresia abundante. Nada mesmo! Tudo acontece a partir do grau de resistência de seus mais ilustres compatriotas. Por exemplo: como pouco evoluímos no que tange a formatação de ideias eminentemente políticas, acabamos nos tornando vulnerável àquela concepção de que uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. Para um bom entendedor,mais que um ensinamento,ou seja, vai ao tablado para o embate quem pode. Quem tem papel bordado, quem sabe manusear com inteligência a tarefa de mercantilização das cabeças ocas de nossa pátria mãe gentil.

Continuamos os mesmos. Atentos, tão somente às regras normativas do pão e circo. Nada de conspiração. Apenas o silêncio na sua imparcialidade. Tocando a diante.Puxando pra debaixo do tapete os que tombaram de overdose porque não conseguiram se superar. Segue, portanto, a marcha dos mutilados. Alguns, com muitas dificuldades, se projetaram no seu próprio exílio e deram demonstração de que é possível acontecer à distância. Sem apadrinhamento.

Por esses terreiros, sucumbem os mais incautos. Os de parcos recursos. Frágeis e mutilados vão se dissipando como andróides que não mais encontrarão a máscara de sua última cena. Perderam-se e não se encontraram enquanto havia tempo. Agora, a tarefa é, acima de tudo, o ofício de remover os escombros. O que não serve mais. Que não fique Para depois da última hora a sensação de que perdemos de vista a odisséia que jamais retornará pelos mesmos atalhos. Nesse compasso de espera prossegue a passos lentos quem nada teve que inventar. Pois que reinventar é subversão dessa ingênua capacidade de não se alcançar o que, verdadeiramente, podemos ser na sua totalidade.

Aprendemos, enfim, a conviver em harmonia com nossos algozes. Eles venceram e o sinal está fechado e, certamente, vai continuar fechado. Não se sabe até quando. Bem provável que na pauta do dia seguinte ainda tenhamos que suportar, por mais uma vez, a farsa que sobrevive e se alimenta de todas as dores para jamais pensar em pactuar com essa vontade excessiva de se querer tentar saltar os muros desse nosso mundo tupiniquim.

* Genildo Costa é cantor e poeta.


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