domingo, 15 de maio de 2011

A oposição em apuros


Charge de Carlos Magno.
Duas decisões desfavoráveis e uma obrigação de repor o erário em quase 1 milhão de reais. Este foi o saldo da avaliação feita pelo TCE/RN das contas do ex-prefeito João Dehon relativas ao período no qual governou Grossos. As condenações o trouxeram de volta ao epicentro da política local, criando uma nuvem de incerteza sobre o futuro da oposição por ele comandada. João precisa reverter os resultados negativos no Tribunal antes de lançar-se candidato à sucessão de 2012. Se não lograr êxito nesta difícil missão, deixará seus seguidores órfãos de um nome competitivo para a disputa que se avizinha.

Para evitar tal desfecho e escapar do fantasma da “ficha suja”, ele já deve ter iniciado uma verdadeira corrida contra o tempo. A pressa se justifica não só pela impossibilidade de concorrer no próximo pleito( ver art. 1º, inciso I, alínea “g” da Lei de Inelegibilidade), mas principalmente pelo risco de por um fim precoce na sua carreira política.

Caso não dispute a Prefeitura, o líder do PR passaria a temer o mesmo destino do seu ex-cabo eleitoral, o ex-prefeito Duquinha. Este viveu momento parecido em 2000. Também tinha grande popularidade e ficou de fora do enfrentamento nas urnas. Como sempre cultuou a si próprio na política, teve de apoiar alguém fora de seu grupo. Se por um lado esta escolha lhe garantiu a vitória nas eleições daquele ano, por outro, marcou a perda irreversível de seu capital de votos. É desse triste fado que o filho de Zé Maurício agora tenta fugir.

Conjecturas à parte, é bom lembrar que as suspeitas levantadas pela referida Corte quanto aos políticos grossenses têm sua razão de ser. Afinal, a cidade nunca vivenciou uma experiência legítima de orçamento participativo. O povo sempre teve papel secundário e jamais conheceu a fundo o manuseio das finanças municipais. Isto se deve ao fato de que a gestão pública em Grossos é tratada como assunto de família (daquela que está no poder, é claro). Ainda é algo que se conversa de preferência no almoço de domingo em meio à reunião de parentes.

Pelo menos é essa a mensagem tirada das últimas administrações, em especial as de Veronilde e João Dehon. Neste ponto, os dois governantes são muito semelhantes. Prova disso é que ambos entregaram aos irmãos as chaves da Tesouraria da Prefeitura, e não se esforçaram para tornar transparentes os seus atos à frente do Município. Coincidência ou não, também foram alvo das decisões do mesmo Tribunal, embora tenham reagido de forma diferente ao julgamento de suas contas.

Enquanto o atual prefeito fingiu que nada havia acontecido, seu rival tentou acalentar os correligionários transferindo a culpa para os adversários. Este argumento carece de um dado mais concreto e revelador. Por si só, não é suficiente para recompor o discurso da oposição nem retirá-la da vala comum dos seus desafetos políticos.

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