A lição da professora Amanda

Do Blog de Julierme Torres.

Vocês sabem qual a diferença entre teoria e prática? É fácil de responder. É a educação brasileira. A teoria a que o blogueiro se refere é a educação desenhada, ou prometida, em época de campanha eleitoral. A prática é a realidade, nos quatro anos de mandato. Nos acostumamos a acompanhar pelo programa eleitoral os políticos afirmando que a educação é prioridade, que os professores tem que ser valorizados, que as escolas precisam de melhor estrutura. Igualmente nos acostumamos a não ver esse discurso de campanha ser cumprido.

O discurso da professora Amanda Gurgel (ver vídeo acima) é algo fantástico. Ela teve a coragem de tentar quebrar esse costume ruim. É preciso ter muita personalidade para ocupar uma tribuna da Assembléia Legislativa e passar na cara de nossa classe política a verdade dos fatos. E a verdade é que educação só tem sido prioridade no discurso de campanha eleitoral.
Políticos de oposição criticam quem está no Governo pela falta de zêlo com a educação pública. Mas quando chegam ao poder dão o mesmo tratamento. O que a professora Amanda mostrou foi que nossa classe política é tão pobre que enxerga educação como gasto, e não como um investimento no futuro. Não existe um culpado pelo caos na educação pública do RN. Todos são culpados. Afinal, os nomes que comandam o poder político no RN são sempre os mesmos. Apenas se revezam. Como um critica hoje, se num passado recente esteve no Governo e não fez nada? Da mesma forma, quem antes criticava hoje não está fazendo nada.

Os deputados estaduais ficaram em silêncio e engoliram o discurso da professora Amanda no seco. Fizeram isso porque sabem que são coniventes com tudo o que acontece. Quando o parlamento se rebelou? Nunca. Apenas ficou em silêncio, numa conivência covarde.

Meus queridos, precisamos compreender a gravidade dessa greve de professores no Rio Grande do Norte. Os professores estão pedindo que o Estado cumpra a lei e pague o piso salarial. Na prática, estão querendo pelo menos receber o "salário mínimo" da categoria.

Sinceramente, nossa classe política deveria ter vergonha de permitir que professores precisem fazer greve para tentar receber o seu salário mínimo.

Agora, engana-se quem vê no discurso da professora Amanda uma crítica restrita à classe política. Nós, sociedade, também precisamos nos sentir provocados. Isso tudo acontece por nossa culpa. Simplesmente acompanhamos passivamente essa farça dos políticos. Às vezes nos contentamos com a maquiagem em uma escola, e não nos aprofundamos. Não procuramos saber como aquela escola que é "pintada" em ano eleitoral funciona realmente. Se tem material e, principalmente, se tem professores valorizados, bem preparados e motivados.

Na realidade, a professora Amanda não falou nada de novo. Nada que os deputados, que a secretária de Educação, a governadora Rosalba Ciarlini ou qualquer um de nós não soubéssemos. Apenas, ela teve a coragem de gritar, numa tentativa meio que desesperada de acabar com a inércia. É como se ela tivesse gritado:

 "VAMOS ACORDAR. SE NÃO TEMOS A DIGNIDADE DE MUDAR NOSSO PRESENTE, PELO MENOS VAMOS LUTAR POR UM FUTURO MELHOR PARA NOSSOS FILHOS".

Obrigado, professora Amanda.

Vamos gritar juntos, para que mais pessoas possam acordar.

Veja o vídeo  do discurso da professora Amanda Gurgel AQUI.