A Igreja Católica está prestes a declarar santo o papa mais popular da sua história. João Paulo II ou "João de Deus", como era conhecido no Brasil, deve ser canonizado em tempo recorde. A pressa desse processo se explica pela necessidade da igreja de melhorar sua imagem perante o mundo. Os escândalos de pedofilia arranharam tanto a reputação do Vaticano, que ele não viu outra saída senão apelar para as virtudes do pontífice polonês.
A despeito de sua ascensão celestial, Karol Wojtyla não escapou das contradições típicas da condição humana. Quando ainda materializado entre nós, ele foi um líder religioso com forte atuação política. Nesta área, expôs sua maior dubiedade. Enquanto para a Europa dedicou seu viés libertário, combatendo o comunismo e lutando por democracia, para a América Latina reservou sua face reacionária, aliando-se às diretrizes de Ronald Reagan, ex-presidente do EUA(1981-1989).
O resultado desse alinhamento político culminou no Brasil com o esvaziamento das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs), organizações sob influência da Teologia da Libertação. Com o fim de enfraquecê-las, o papa substituiu centenas de cardeais progressistas por outros de tendência ultra conservadora. Dessa forma, garantiu o perfil do religioso que mais agradava aos generais brasileiros durante o regime militar.
Embora seu pontificado tenha sido alvo de alguns questionamentos, João Paulo II não deixou que as críticas maculassem sua trajetória. Todas elas foram suplantadas pelo seu enorme carisma pessoal. Devido a essa característica, alcançou uma popularidade que além de lhe render o refrão de uma música de rock, o transformará no sucessor de Pedro que mais rapidamente converteu-se em estátua de veneração dos templos católicos.
Com informações da Revista IstoÉ.
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