Alguns blocos do carnaval grossense surgiram em função das circunstâncias políticas do município. A rivalidade das campanhas eleitorais inspirou a criação, por exemplo, dos Amarelinhos, Estrelando, Os Folhas e os Azulzinhos. Os dois últimos ocuparam a cena recentemente funcionando como válvula de escape do grupo capitaneado pelo ex-prefeito João Dehon. O desfile dos opositores vestidos com abadás era mais do que um disfarce para um evento político.
Era, na verdade, uma forma de se compensar a discreta (quase imperceptível) atuação do principal ícone do PR na cidade.
Isolado numa espécie de retiro desde o derradeiro fracasso nas urnas, João se valia daquelas agremiações para demonstrar força e testar seu carisma. Este ano, porém, seu bloco não saiu. Mesmo assim, os partidários do ex-prefeito não ficaram menos animados. Brincaram o carnaval patrocinado pela Prefeitura como se o anfitrião da festa fosse outro.
Em que pese seu jeito estranho de fazer oposição, o filho de José Maurício canaliza para si o apoio da maior parte dos contrários à gestão pessebista. E o mais impressionante: ele consegue isto sem dizer uma única palavra pública desfavorável ao seu adversário. Um fato bastante inusitado, mas fácil de compreender por duas razões. A primeira delas é a falta de outro nome que personifique o espírito oposicionista em Grossos. Já a segunda baseia-se numa lógica muito simples: a derrota une mais do que a vitória. Por esse raciocínio, é possível explicar como um político de raras aparições ainda desperta tanta paixão entre seus correligionários.
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