sábado, 30 de junho de 2012

Sortidas...(30 jun)

A travessia do Mar Vermelho
A esquerda decadente e a direita triunfante de Grossos. -  Os políticos conservadores do município estão em festa. A vitória é toda deles. Depois de décadas de dominação eles finalmente consolidaram a sua supremacia, adestrando a dita esquerda política para transmitir o seu legado de exploração. Missão cumprida, devem dizer para os seu pares, regozijando-se do feito. Afinal, não é pra menos, pois conseguiram unificar o pensamento político da cidade e agora têm garantias de sobra de que nada deve mudar tão cedo.

De novo não - Espero que o ex-prefeito João Dehon finalmente mude o seu discurso na convenção do PMDB que ocorrerá logo mais. Ele tem repetido as mesmas frases e referências nas suas falas em público. Não cita propostas nem lembra do seu governo. Tomara que hoje o peemedebista esqueça um pouco de Moisés cruzando o Mar Vermelho ou de Rui Barbosa defendendo Grossos. Se fizer isso, quem sabe o ouviremos finalmente falar de política.


Oposição dividida, chances de vitória reduzidas - A oposição grossense vem encontrando dificuldades para acertar os ponteiros. Se não marchar unida, não vai tirar proveito máximo da rejeição à chapa governista. Podendo escolher entre mais de um adversário do prefeito, o eleitorado não simpatizante da situação se divide e facilita a disputa para os rivais, que temem uma campanha com apenas dois nomes concorrendo à Prefeitura.

Reunindo os cacos - Se engana quem pensa que a falta de sintonia é privilégio da oposição. O governo sabem bem disso, pois ainda tenta se recompor do processo traumático que resultou na formação da chapa majoritária. A escolha dos candidatos deixou sequelas na base aliada, cicatrizes que um sorriso forçado para a foto não consegue apagar.
Atriz global foi assunto de encontro político em Grossos

Quebra de confiança- Os comunistas de Grossos não digeriram muito bem o fato de o PC do B não ter indicado o vice de Alexandre (PSB). Com a inclusão de Laíres (PR) na lista do TCE, a indicação era quase certa, mas acabou esbarrando em dois fatores: a vontade de Caxica, que é quem realmente bate o martelo nas negociações, e a quebra de confiança na relação com o prefeito.

O troco -  O mandatário socialista não engoliu o ensaio de dissidência do PC do B realizado no dia 04/05 (ver AQUI). O objetivo da reunião dos comunistas com o DEM não era unir Lula e Zé Agripino em Grossos, mas dizer ao chefe do executivo que a legenda poderia deixar a base do governo caso não fosse atendida nos seus pleitos. Bom, Veronilde anotou o recado e só teve o trabalho de esperar o momento certo para dar o troco à rebeldia dos aliados.

As fotos de Carolina Dieckman - Já sei, já sei. Alguém vai se manifestar dizendo que o editor do blog não estava lá e, portanto, o comentário acima não procede. Mas a Opinião reversa não precisa marcar presença nos conchavos políticos da cidade para saber o que as lideranças discutem. No caso do referido encontro multipartidário, tenho certeza que os problemas do município não entraram na pauta de discussão. Excluindo-se essa temática e a versão contada pelo blog, só nos resta acreditar que naquele dia os caciques locais se debruçaram estudando o impacto da morte de Tinoco na música sertaneja ou o vazamento das fotos de Carolina Dieckman nua na internet.*

*P.S.: A morte de Tinoco e as fotos da atriz global foram os assuntos mais comentados pela mídia nacional no dia 04/05/2012.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ritmo lento

Preparação.

O blog diminuiu o ritmo das atualizações nos últimos dias para economizar energia em face da iminente campanha eleitoral na cidade. Mas aos poucos voltaremos à normalidade e até sábado (30/06), antes das convenções partidárias, algumas postagens em 'gestação' finalmente virão à tona. Aproveito a oportunidade para agradecer a paciência e o acesso dos webleitores que visitaram esta página desde segunda e não encontraram tantas novidades. Abraço a todos vocês e até a próxima opinião reversa.

domingo, 24 de junho de 2012

Dez Mandamentos da Mentira

Texto de Millôr Fernandes*.

I. Um homem que mente e diz que mente, mente ou não mente? Se diz mentira quando que mente, também não mente;

II. Vantagem extraordinária é a do mentiroso. Enquanto os outros sabem apenas o que sabem, ele sabe sempre alguma coisa a mais;

III. A mentira é a mais-valia arrancada da credulidade. Já que a mentira só existe quando há um crédulo. Pois ao cético ninguém mente, já que ele não crê na verdade;

IV. O que vive repetindo a palavra indubitável é, indubitavelmente, um mentiroso;

V. Mentimos mesmo quando estamos sozinhos;

VI. Jamais diga uma mentira que não possa provar;

VII. Uma mentira é a do que mente. Outra é a do escutador;

VIII. É inútil apontar alguém como mentiroso. Todo mundo é;

IX. Desenvolveu tanto a arte da mentira que todos acreditam nele. Ele é que não acredita em mais ninguém;

X. A inverdade, apanhada na hora, chamamos de mentira deslavada. Um ano depois será considerada apenas uma outra faceta da verdade. Se persistir na memória...um século depois já ninguém saberá quem disse e ela será parte fundamental da sabedoria popular, se transformará em fantasia, em ode, em épico, quem sabe em conceito geral da eternidade filosófica?

* Publicado originalmente na Veja de 05/10/2005 e também na revista Filosofia Ciência & Vida, edição de maio de 2012.

sábado, 23 de junho de 2012

Como elite, mídia e igreja católica jantaram Lugo

Por Leonardo Attuch do Brasil 247.
Foto:Brasil 247

Ainda que a constituição paraguaia permita o juízo político de seus governantes, um processo de impeachment que se desenrola em apenas dois dias só pode ser definido com uma única palavra: golpe. Foi isso o que aconteceu no Paraguai, por mais que vozes conservadoras, daqui e de lá, defendam a legalidade do processo. Ponto.

Até aí, não há muita surpresa, uma vez que a história paraguaia é marcada por golpes, ditaduras e quarteladas. A diferença, desta vez, foi a sutileza de um “golpe parlamentar”, um “golpe democrático”. Em resumo, um golpe branco, imposto pela elite oligárquica do país.

Surpresa em si foi a reação do presidente Fernando Lugo, que não opôs resistência alguma e se ofereceu passivamente ao martírio. A que se deve essa atitude? Talvez seja fruto da sua formação católica. Ex-padre, e achincalhado por muitos pelas dezenas de filhos que fez, Lugo tem alma cristã. Ao deixar o poder, ele ofereceu a outra face. “Saio pela porta maior, a do coração”, disse o ex-presidente. Lugo ainda tentará – em vão – recuperar seus direitos políticos, mas essa é uma batalha perdida. Leia mais...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O acordo Lula-Maluf

Por Rui Martins Berna do site Direto da Redação.

Embora eu tenha operado as amígdalas e, recentemente, tenham me tirado a vesícula biliar, há uma coisa que não consigo fazer – é engolir sapo. E talvez, por isso, termine os poucos anos que me restam de militância como apartidário.

Ainda na semana passada, quando o ministro do Trabalho, neto do velho combatente Brizola, passava por Genebra, na Organização Internacional do Trabalho, um amigo tinha organizado uma feijoada com os companheiros do PT e me convidou não só para participar do encontro, como para aderir ao partido.

E eu, com aquela sinceridade e maneira direta capaz de chocar algumas pessoas, agradeci mas declinei da oferta: “meu caro, desde o dia em que deixei a igreja, prometi a mim mesmo, nunca mais pertencer a igreja ou partido. Nem acreditar em deus, seja qual for, e muito menos em líderes humanos, mesmo porque, no fundo sou um rebelde e nunca aceitaria ter de aceitar uma decisão com a qual não concorde”. Continua...

Leia também: Foi a política que mudou ou foi o PT? - O mico que Lula pagou na foto com Maluf. 
 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fim da linha para a oposição 'verde'?

Boa pergunta.

Sete dias. Esse foi o tempo suficiente para transformar a euforia da oposição peemedebista novamente em apreensão. A causa dessa rápida conversão de emoções está na lista divulgada ontem pelo TCU onde consta o nome do ex-prefeito João Dehon (PMDB). A relação do tribunal esfriou os ânimos da ala verde oposicionista, que agora deve repensar sua estratégia para essas eleições. Vale dizer que outras variáveis ainda serão analisadas pela justiça eleitoral antes do enquadramento definitivo dos políticos na Lei da Ficha Limpa. Contudo, a simples presença no selecionado da Corte de Contas já é um bom motivo para elaborar (se é que não está pronto) um plano B de ação a ser posto em prática o mais breve possível.

Pedra no sapato.

Caso o TRE confirme a inelegibilidade de João, ainda assim ele continuará sendo a pedra no sapato dos seus adversários. É que a campanha de Grossos tende a ser polarizada e nesse caso o candidato apoiado pelo ex-prefeito deve figurar num dos pólos da disputa, seja ele qual for. O cenário o ajuda a manter uma alta taxa de transferência de votos. Com Enilson e Caxica(ops!), Alexandre, como outras opções, o eleitorado mais fiel do peemedebista está disposto a votar até num "poste" para dificultar a vida dos rivais.

Nome de confiança.

Não participando diretamente da disputa, é improvável que João Dehon doe seu capital eleitoral a alguém que não seja da sua estreita confiança. Por essa razão, Emílio e principalmente Enilson, que ele não aceitaria nem na condição de vice (veja AQUI), não estão entre os mais cotados para receber o seu apoio. Dessa forma, o filho de Zé Maurício deve ir até o fim arriscando tudo nessa eleição que é a mais importante da sua carreira política. 

Esquisito.

Muito estranho a maneira como os adversários dos 'bacurais' comemoraram a notícia de ontem. Fizeram pouco barulho (não houve nem foguetório!), o que é incomum na cidade tratando-se de um fato político tão relevante. Talvez o comedimento deles tenha relação com a conquista das 'ovelhas desgarradas' do PMDB ou com a cautela que o momento exige até uma decisão final do TRE. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sortidas...(18 jun)

Troféu bonito, hein!?
Troféu - Ano passado quando disse que a vida política de Grossos é uma grande comédia (leia AQUI) não imaginava que os 'humoristas' da cidade iam levar tão a sério esse comentário. Eles estão superando todas as expectativas. Veja o caso do PC do B local tentanto indicar o vice da chapa governista. Um primor de atuação que coloca o partido na dianteira da disputa pelo Troféu Revelação na categoria maior mico político do ano. 

Risível - O processo de escolha do vice de Alexandre (PSB) está me saindo melhor que a encomenda. É até aqui o capítulo mais burlesco da novela sucessória grossense. Com destaque para o assédio dos comunistas sobre o prefeito, essa história será passada a limpo no blog, momento em que também falaremos da decadência da esquerda nativa e o grande triunfo dos políticos conservadores do município.

O primeiro depois de todo mundo - O PC do B grossense é a primeira das últimas opções do governismo para fechar a dupla que concorrerá à sucessão do prefeito. Isso ficou claro depois que Emílio rompeu com a base aliada e Cíntia Sonale declinou do convite para ser a vice de Alexandre (PSB). Mesmo com o caminho aparentemente 'livre', Cateca não consegue ser confirmado na majoritária, o que denota resistência do grupo à indicação do seu nome. Bem que o vereador poderia ter poupado a si e os seus eleitores de situação tão constrangedora.

Furando a fila - E enquanto os comunistas esperam pacientemente pela sua vez, o PR local pede passagem, furando a fila para tentar emplacar na chapa governista um nome ligado ao presidente da Câmara Municipal. O acordo, no entanto, esbarra na vontade do deputado João Maia, que agora é rosalbista de carteirinha e não quer ver o seu partido selando união com o PSB de Vilma de Faria.

Ela também aderiu à paralisação
Vacas em greve - Depois que a 'Rosa' assumiu o poder no estado nem o programa do leite funciona mais a contento. Em Grossos, mais precisamente no bairro Coqueiros, os beneficiários do programa já sabem o até motivo da distribuição irregular do produto: as vacas potiguares também entraram em greve!

O cidadão resolve - Há alguns dias conversei com um senhor mossoroense que precisava de um laudo a ser emitido pelo ITEP. O órgão estatal avisou que o documento só estaria disponível depois de 30 dias. O cidadão então quis saber o porquê da demora e os servidores alegaram (pasmem!) falta de tinta na impressora. O popular até se ofereceu para recarregar os cartuchos por conta própria, mas seu pedido foi negado. Inconsolado, ele foi orientado pelas pessoas que o atenderam a denunciar a situação na imprensa local como única maneira de apressar sua solicitação. Lamentável.

Alguém 'adote' a governadora - É por essa e outras razões que a gestão Rosalba Ciarlini está em queda livre na preferência popular. Sua rejeição, que na grande Natal está perto dos 80%, também é crescente na região oeste do estado. Duvido muito que este ano o palanque da 'Rosa' em Grossos fique tão abarrotado como na campanha de 2010. Ninguém vai querer queimar o próprio filme defendendo um governo tão reprovado pela população.

Defina esse tipo de aliança.
Palavras ao vento - “Fui sondado três vezes. Mas descarto completamente a possibilidade de ser vice da deputada Larissa Rosado (PSB).”Essa declaração foi feita pelo ex-reitor da Ufersa, Josivan Barbosa, em meados do mês passado quando ainda defendia a candidatura própria do PT a prefeitura de Mossoró. Hoje o petista está contente e satisfeito ao lado da filha de Sandra Rosado, e o seu maior problema é deletar da memória dos eleitores o seu discurso de poucos dias atrás.

Política é isso. Isso o quê? Muitos tentam revestir essa mudança repentina de Josivan Barbosa com certa naturalidade. É tudo 'normal', eles dizem, porque a política é dinâmica, faz parte do 'jogo', é assim mesmo. A flexibilidade das convicções é regra num mundo onde a política virou 'isso': um pronome indefinido, uma coisa inominável. Portanto, o que aconteceu com o PT de Mossoró não é obra da Política, mas da falta dela.

Possibilidade zero - Na entrevista relâmpago concedida ao blog, o ex-prefeito João Dehon (PMDB) afirmou que não existe possiblidade de compor a chapa com Enilson (DEM). A dúvida veio à tona por conta de um suposto desejo de Carlos Augusto e Rosalba de vê-los no mesmo palanque novamente. Contudo, João negou a existência de qualquer pressão nesse sentido vinda da governadoria.

Adesão gratuita - Na mesma conversa, o peemedebista também foi questionado sobre os termos do acordo que resultou no apoio do PDT a sua pré-candidatura. Segundo ele, os pedetistas não exigiram nada em troca da aliança, nem mesmo espaço político num provável governo, o que convenhamos é uma versão singela demais para esses tempos de barbárie política.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tragédia política

Antes tínhamos esperança, hoje temos isso.*
Triste constatação.

Em conversas com amigos tenho dito que Grossos está vivendo o pior momento político da sua história. O cenário que se vislumbra na cidade é desolador, uma tragédia mesmo. E não há exagero nessa assertiva uma vez que inexiste qualquer alternativa legítima ao modelo de gestão adotado pela província desde a sua fundação.

De 1953 para cá (por favor, me corrijam se eu estiver errado), não houve administração que não apresentasse simultaneamente as seguintes características: a) centralização excessiva do poder; b) gerenciamento familiar da Prefeitura ; c) ausência de participação popular efetiva nas decisões de governo; d) obscurantismo no trato da coisa pública, ou seja, a falta de transparência na aplicação do dinheiro do povo.

Enquanto este receituário prevalecer na política local não se pode falar em desenvolvimento do município. São coisas absolutamente incompatíveis porque se anulam uma a outra. É por isso que o debate político na cidade se resumiu à fulanização do processo eleitoral. Em vez de projetos e ideias novas, discute-se apenas a titularidade do cargo. E todos os prováveis nomes à sucessão grossense estão condicionados a essa discussão inútil, pois não querem abrir mão de nenhum dos quatro pilares do conservadorismo já citados.

Mas se tudo isso vem se repetindo há mais de meio século, por que então a conjuntura atual é mais desastrosa do que a de 15 ou 20 anos atrás? Respondo: porque a esperança foi subtraída das pessoas. Ela foi arrancada das mentes e corações pelos 'heróis' de uma geração que venderam os seus sonhos a preço de banana. Hoje eles só falam em como chegar ao poder e dele não mais se afastar. No seu vocabulário, mudança significa status quo, e a velha doutrina dos anos juvenis só tem uma serventia: readequar o passado e o presente para mitigar uma tragédia política da qual eles agora são os principais beneficiários.

* Na imagem, o cenário sombrio representa a falta de perspectivas políticas, e os cadáveres ao chão, os sonhos sacrificados em nome de táticas eleitorais infalíveis.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ex-prefeito vence primeira batalha nos tribunais de contas

A 1ª 'profecia' não se cumpriu.

A oposição grossense é só alegria depois da divulgação da lista dos 'fichas sujas' pelo Tribunal de Contas do Estado. A ausência do nome do ex-prefeito João Dehon (PMDB) na tal relação deu novo ânimo ao seu grupo político. É óbvio que o suspense não acaba por aqui, pois uma outra lista será divulgada, desta vez pelo TCU. No entanto, não se pode negar que a militância do PMDB agora tem um bom motivo para estar mais confiante. Além disso, o histórico de previsões falhas a respeito do ex-prefeito só aumenta, o que tem feito dele um especialista em derrubar prognósticos desfavoráveis, colocando assim na berlinda o poder de vidência de muita gente da cidade.

Errata.

Ora, o próprio blog errou ao apostar na inclusão do peemedebista nesse listão do TCE. Mas com as informações disponíveis e, principalmente, as explicações dadas pelo próprio João (genéricas demais), não era possível imaginar resultado diferente. E apesar do palpite nada certeiro, quem disse que o editor do blog ficou desapontado?! A notícia desta terça-feira (12/06) caiu como uma luva para a sucessão municipal, deixando-a mais apimentada e, portanto, bem ao gosto dos blogueiros de plantão da província.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Entrevista relâmpago

Vapt-vupt.

No sábado passado(09/06) o ex-prefeito João Dehon (PMDB) visitou amigos e correligionários no bairro Coqueiros e, por acaso, acabou entrando no QG do blog situado na referida localidade. Numa rápida sabatina, o peemedebista afastou a possibilidade de figurar na lista do TCE/RN.

Quanto ao Tribunal de Contas da União, que também divulgará uma relação de políticos 'fichas sujas' nos próximos dias, João mostrou-se otimista. Disse que o seu problema naquela Corte tem a ver com a não prestação de contas de um recurso administrado ainda no seu governo. Segundo o pré-candidato, a dificuldade maior em comprovar os gastos com essa verba era justamente a obtenção de documentos arquivados na Prefeitura de Grossos.

Todavia, ele garantiu que essa situação estava sanada e a documentação faltante, obtida há cerca de 20 dias mediante requerimento escrito à Prefeitura, já foi até encaminhada para análise do órgão competente. Ao ser indagado se haveria tempo para evitar a inclusão do seu nome na tão esperada lista do TCU, o ex-mandatário afirmou que as provas apresentadas a seu favor teriam efeito suspensivo, o que o impediria de ser relacionado entre os 'fichas sujas' pelo colegiado de ministros.

Nota do blog 1: Uma pergunta: se a Prefeitura não liberava os documentos supostamente por motivação política, por que então os disponibilizou justamente agora quando poderia prejudicar ainda mais o pré-candidato? Das duas uma: ou o governo estava convencido de que o peemedebista não teria mais tempo de reverter o quadro desfavorável ou foi obrigado a ceder devido à nova Lei de Acesso à Informação, que está em vigor desde meados do mês passado.

Nota do blog 2: Já havíamos adiantado neste espaço que a tal lista do TCE não tem o poder de tornar inelegível, ao menos de forma automática, os políticos que dela farão parte (veja aqui). No entanto, cumpre chamar atenção para a relação a ser divulgada pelo TCU. De acordo com o blog de Anna Ruth Dantas, esta sim pode gerar consequências mais imediatas às pretensões políticas dos ex-gestores públicos.

domingo, 10 de junho de 2012

Fundo musical


"Troco o riso pelo pranto
Em qualquer negócio
Sei que tem olhos do medo
No fundo do poço
Estou sempre maquiado
Quando vou sorrir..."


A política se transformou num grande espetáculo ao ar livre, um teatro em praça pública. O trecho acima da música de Zé Ramalho retrata bem essa realidade já que descreve como os atores da cena política atuam para alcançar seus objetivos. Se as campanhas municipais um dia virassem novela, essa canção do paraibano certamente faria parte da trilha sonora.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Nenhuma contraindicação

Recomendável.

Nesse feriado de Corpus Christi, entre um comprimido e outro para me recuperar de uma faringite, fiquei a folhear uma revista de filosofia a fim de ver o tempo passar mais depressa. E numa matéria especial sobre democracia, eis que me deparo com um conto de Carlos Drummond de Andrade. Ao lê-lo esqueci até da dor por alguns instantes. O texto, analgésico enquanto estimulante da produção de dopamina no meu organismo, é simplesmente extraordinário. Coisa de gênio mesmo essa arte de mesclar simplicidade e conteúdo num entrelaçar de palavras inconfundível . E não bastassem suas propriedades terapêuticas, esse pequeno trecho da obra de Drummond ainda nos remete a uma reflexão sobre a política da Província, já que este ano tem muita gente querendo ser 'presidente' e também integrar a comitiva dele na 'festa'. Há, inclusive, pessoas dispostas a tudo para fazer parte dessa tal comitiva. Comentários encerrados (pelo menos os meus até aqui), não poderíamos ir direto ao texto sem antes fazer uma advertência: leiam à vontade, ele não tem contraindicações.  

Governar.*

Os garotos da rua resolveram brincar de governo, escolheram o presidente e pediram-lhe que governasse para o bem de todos.

- Pois não – aceitou Martim. – Daqui por diante vocês farão meus exercícios escolares e eu assino. Clóvis e mais dois de vocês formarão a minha segurança.

Januário será meu Ministro da Fazenda e pagará o meu lanche.

- Com que dinheiro? – atalhou Januário.

- Cada um de vocês contribuirá com um cruzeiro por dia para a caixinha do governo.

- E que é que nós lucramos com isso? – perguntaram em coro.

- Lucram a certeza de que têm um bom presidente. Eu separo as brigas, distribuo tarefas, trato de igual para igual com os professores. Vocês obedecem, democraticamente.

- Assim não vale. O presidente deve ser nosso servidor, ou pelo menos saber que todos somos iguais a ele. Queremos vantagens.

- Eu sou o presidente e não posso ser igual a vocês, que são presididos. Se exigirem coisas de mim, serão multados e perderão o direito de participar da minha comitiva nas festas. Pensam que ser presidente é moleza? Já estou sentindo como esse cargo é cheio de espinhos.

Foi deposto, e dissolvida a República.

*Carlos Drummond de Andrade. Contos Plausíveis. Rio de Janeiro. Record, 1994.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Concerto dissonante

Por Genildo Costa*.

Nunca fui de subestimar os ensinamentos de nossos sábios pensadores. Eles, sem dúvida, não morreram de overdose pelo poder. Estiveram sempre atentos e quando saíram de cena deixaram a tolerância, a humildade e o amor ao próximo como parâmetros indispensáveis para a formatação do processo civilizatório. Creio que houve tempo de sobra para a partir desses ensinamentos celebrar com sucesso o inevitável espetáculo da vida.

Tenho tido basicamente prudência para não me tornar intransigente e nem tampouco criatura de múltiplas facetas. Creio que é possível ter o mínimo de compreensão quanto a nossa milenar tarefa de continuar acreditando numa nova proposta de humanidade onde a vida possa ser contemplada em toda sua plenitude.

Como seria então o conteúdo programático dessa nova empreitada? Imagino como haveria de ser reinventar essa possibilidade de não mais ter que sacrificar o outro quando da busca de nossas comodidades. Penso que buscar subsídios para reencontrar-se pela palavra é simplesmente correr o risco de ser reincidente. O que se propõe é muito mais que uma releitura de tudo que aprendemos no curso de nossas vidas. O expediente de agora é de profunda perplexidade. É o devir, o ajustar-se, o não ser mais. O que nos aguarda pode ser a última oportunidade reservada para o exercício urgente da depuração.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sortidas...(04 jun)

Todos os caminhos levam ao DEM - Não tem jeito. A população de Grossos está convencida de que a maior obra do Governo do Estado na cidade é a insegurança no município. Quem não está gostando nada disso é o pré-candidato a prefeito Enilson Fernandes (DEM). Até aqui, ele vem suportando sozinho o alto custo político do (des) governo Rosalba na pequena urbe, o que lhe tem prejudicado haja vista pretender disputar a Prefeitura este ano.

O começo do fim -  De um atento observador da política grossense ouço que o vereador Cateca (PC do B) está em maus lençóis. Explico: o comunista está prestes a compor a chapa majoritária governista e isso, claro, o impede de seguir um caminho mais promissor para o seu futuro político, que seria o da renovação de mandato. Caso realmente as especulações se confirmem, o nobre edil verá o fim precoce de sua trajetória antes mesmo dela se consolidar.

Na cova dos leões - O único parlamentar do PC do B de Grossos está a um passo do precipício. Falta pouco pra ele cair na cova dos leões e ver o seu projeto político dilacerado. Custo a acreditar que ele ainda não se deu conta disso... 

Vice é vice - Certa vez o blogueiro Carlos Santos disse que vice enquanto expectativa de poder já não vale nada, e que vice de um representante de família tradicional na política, no caso os Rosado, valia menos ainda, ou seja, menos do que nada! Penso que o raciocínio do jornalista também se aplica à realidade grossense.

A lista - Até amanhã deve sair a tão esperada lista dos políticos "ficha suja" a ser divulgada pelo TCE-RN. Em Grossos a expectativa recai sobre a presença ou não do nome de João Dehon na tal relação. A julgar pela fala do advogado César Leonez, que esteve presente no último encontro do PMDB na cidade, o ex-prefeito deve sim figurar na lista. O causídico não afastou a inexistência de pendências do pré-candidato junto ao Tribunal, pelo contrário as reconheceu. Contudo, apresentou a linha de defesa a ser trabalhada, qual seja, a ausência de dolo e a descaracterização de suposta improbidade administrativa.

Trocando em miúdos -  Os advogados do peemedebista vão tentar demonstrar que não houve intenção por parte dele de lesar o erário municipal. Essa tese leva em conta o fator subjetivo do agente público e só será derrubada caso existam provas cabais do cometimento de suposta infração.

Lembrete - É sempre bom ressaltar o seguinte: a relação dos políticos do TCE(Tribunal de Contas do Estado) não é decisão definitiva do TRE(Tribunal Regional Eleitoral). São órgãos distintos, muito embora a Lei da Ficha Limpa os tenha aproximado. Sendo assim, o parecer desfavorável da Corte de Contas dificulta o registro futuro de candidatura, porém não acarreta inelegibilidade automática.

E as bombas? - Elas são a única certeza dessa história toda. Amanhã ou hoje ainda, não sei, os fogos explodirão no céu de Grossos independentemente de quem esteja na temida lista do Tribunal.

domingo, 3 de junho de 2012

O Criador se abstém

Deixem Ele fora disso.

Sábado, 26/05/2012, 10 horas da manhã. Ainda em Grossos, fui a um pequeno comércio fazer algumas compras e por tabela me inteirar dos comentários sobre uma reunião política ocorrida na noite anterior. Perguntei ao despachante o que ele tinha achado do encontro ao passo que me respondeu: "Aquilo ontem foi Deus, meu amigo!". Fiquei meio zonzo com a resposta, pois ele estava convencido de que a intervenção divina foi decisiva para a grandeza do evento. No mesmo instante me vieram à mente os discursos dos líderes partidários proferidos horas atrás. Um deles chegou a dizer que a "Mão Divina" estava conduzindo o processo (um disparate, não?!).

Notem que os dois fatos estão intimamente interligados numa relação de causa e efeito. Os políticos conhecem como ninguém o seu público alvo e sabem que a religiosidade exerce forte influência sobre ele. Cá com meus botões, fico imaginando como equacionar os desígnios celestiais com as derrotas nas urnas de quem os invoca para comover eleitores. Seriam provações impostas pelo Criador a fim de testar a fé dos fiéis? Claro que não. O Senhor não participa do jogo político, porque, dentre outras razões, nunca é chamado à mesa para defender os pobres na hora de dividir o pão com os empresários que bancam as campanhas na cidade.

A memória maculada do Sindicato do Garrancho

Do lado errado da História. 

" Aí nós tratamos de nos reunir no mato. Tinha árvores aqui logo perto, na época, daqui a uma légua mais ou menos, tinha árvores grandes e era lugar ermo. A gente dizia: tal dia é debaixo de árvore tal, por exemplo, uma quixabeira, que é uma árvore frondosa que nós temos aqui e que é muito frondosa, nunca falta sombra nela. E a gente ia pra lá e traçava os planos. Não era uma assembleia, mas ali estava a fina flor do operariado mais consciente. Ali se traçava o plano para por em execução no dia seguinte. Discutia-se todos os problemas da classe e saía-se nas salinas." ¹

O trecho acima é parte de um depoimento de Francisco Guilherme Souza, homem que integrou o Sindicato do Garrancho, uma organização que nos anos 30 agregou grande número de trabalhadores de salinas do oeste potiguar. A memória desse Sindicato foi recentemente invocada num encontro político realizado em Grossos. Em que pese a necessidade de manter viva a história de luta daqueles operários, algumas ponderações sobre a referida menção devem ser consideradas, haja vista o contexto no qual ela foi feita.

Ora, o termo 'Garrancho' foi incorporado ao nome do movimento porque os seus membros tinham de se reunir na clandestinidade (no mato mesmo!), fugindo da perseguição patrocinada pelo Estado e pelo patronato local. Em nome de seus ideais, os trabalhadores foram alvo de todo tipo de tortura. Ter as unhas arrancadas com alicate, por exemplo, era a forma mais branda de castigo.

Pois bem, essa gente valorosa conheceu o auge da dor e do sofrimento em 1935, ano em que Rafael Fernandes (esse sobrenome é-me familiar) tornava-se governador do RN. Dono de salinas na região de Mossoró, Fernandes voltou todo o aparelho repressivo estatal para massacrar a classe operária insurgente, que foi completamente dizimada em meados de 1936 graças à campanha de 'caça às bruxas' liderada pelo governo.

O mito de Davi contra Golias



"A história se repete como farsa."(Karl Marx).

Imagine, leitor, que você está assistindo a uma partida de futebol. O jogo está sendo disputado por um time da oitava divisão e outro famoso por colecionar títulos importantes. Lembrete: o seu clube do coração não está em campo e a partida é um simples amistoso, sem falar que nenhum dos times é rival histórico do seu.

Nesse caso, por quem você torceria? Bom, é claro que torcer por ninguém e desligar a TV por conta da chatice do jogo é uma opção plausível, mas caso queira continuar vendo os atletas correrem atrás da bola, muito provavelmente se definirá pelo 'azarão', a famosa 'zebra', o lado mais fraco.

Pois é, meu amigo, os políticos sabem bem disso e essa tendência, via de regra, é bastante trabalhada nas campanhas eleitorais de todo o país. Em Grossos não é diferente. Há casos emblemáticos do uso dessa estratégia, já adotada por 'Duquinha', Dehon Caenga e o próprio João Dehon, este último sem muito êxito até aqui.

A fórmula só funciona com quem sabe usá-la.

E por que com alguns ela dá certo e com outros não? A resposta passa pelo profissionalismo de cada um e também a capacidade de sustentar um discurso  convincente. Só pra exemplificar vou me ater à comparação entre os dois Joões, o da Costa e o da Silva, uma vez que eles viveram lados opostos da mesma moeda.

O primeiro perdeu a campanha de 2000 e foi vítima do mito de Davi contra Golias, ou seja, a falsa construção no imaginário popular de uma batalha do mais fraco contra o mais forte. Por ironia do destino, 4 anos depois Dehon se consagrava prefeito valendo-se do mesmo recurso que o havia derrotado antes.

sábado, 2 de junho de 2012

letras garrafais

Grandes caracteres.

O vereador Marcos Bizerra participou esta semana do blog enviando comentário para esclarecer o motivo pelo qual não concorrerá à reeleição em outubro próximo. Dado o teor explicativo da nota e alguns temas por ela suscitados, achei por bem transcrevê-la na íntegra para maior conhecimento dos leitores. A mesma segue reproduzida logo abaixo:

"Amigo,

Sempre que possível leio seu blog, e ainda que naturalmente discorde de alguns comentários, sempre os respeito.
Quanto a minha decisão de não mais concorrer a uma vaga na Câmara municipal, não se dá em virtude de nenhuma pendência na justiça eleitoral, mas sim, por ter assumido um compromisso com a escola em que estou lotado, pois hoje estou como vice-diretor num mandato de dois anos. Doutro modo, teria que me afastar, e as condições que a escola enfrenta não permite.
Quanto a ser "Ex-primeiro-ministro" de Grossos/RN, isso seria NO MÍNIMO menosprezar a capacidade intelectual de João Dehon em administrar - fato que até bem pouco não era questionado inclusive pelos seus que votou, trabalhou na gestão e na época defendia com afinco (???!!!!).
Estou muito curioso para saber qual será a posição da corrente da qual se filia diante do quadro sucessório. Ao que parece ser atirar para todos os lados e no fim, neutralidade. Essa sim, muito cômoda.

Abraços. " 


Antes de mais nada, quero agradecer a intervenção do parlamentar, que sempre será bem-vinda neste espaço. Fico lisonjeado em saber que vez ou outra um público tão seleto acompanha as atualizações dessa página. Mas, voltando ao comentário em si, acredito ser necessária uma breve explicação sobre o uso do termo "Ex-primeiro-ministro" para qualificá-lo, o que farei a seguir:

Da experiência parlamentarista

Sabe-se que no Brasil o parlamentarismo foi adotado duas vezes, uma ainda no Segundo Reinado de Dom Pedro II ("parlamentarismo às avessas") e a outra em agosto de 1961, quando Tancredo Neves então assumiu o posto de Primeiro Ministro da República.

Mas isso é o que diz a história oficial e a sua versão nem sempre corresponde à realidade dos fatos. Prova contundente dessa premissa é que, à revelia dos registros históricos, muitos outros 'primeiros-ministros' haveriam de figurar mais tarde no cenário político do país. Só para não voltar tanto assim no tempo podemos citar os casos de Zé Dirceu no governo Lula, Gustavo Rosado na Prefeitura de Mossoró, Carlos Augusto na gestão Rosalba e, por que não, Marcos Bizerra, o super secretário, no governo João Dehon.