quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tragédia política

Antes tínhamos esperança, hoje temos isso.*
Triste constatação.

Em conversas com amigos tenho dito que Grossos está vivendo o pior momento político da sua história. O cenário que se vislumbra na cidade é desolador, uma tragédia mesmo. E não há exagero nessa assertiva uma vez que inexiste qualquer alternativa legítima ao modelo de gestão adotado pela província desde a sua fundação.

De 1953 para cá (por favor, me corrijam se eu estiver errado), não houve administração que não apresentasse simultaneamente as seguintes características: a) centralização excessiva do poder; b) gerenciamento familiar da Prefeitura ; c) ausência de participação popular efetiva nas decisões de governo; d) obscurantismo no trato da coisa pública, ou seja, a falta de transparência na aplicação do dinheiro do povo.

Enquanto este receituário prevalecer na política local não se pode falar em desenvolvimento do município. São coisas absolutamente incompatíveis porque se anulam uma a outra. É por isso que o debate político na cidade se resumiu à fulanização do processo eleitoral. Em vez de projetos e ideias novas, discute-se apenas a titularidade do cargo. E todos os prováveis nomes à sucessão grossense estão condicionados a essa discussão inútil, pois não querem abrir mão de nenhum dos quatro pilares do conservadorismo já citados.

Mas se tudo isso vem se repetindo há mais de meio século, por que então a conjuntura atual é mais desastrosa do que a de 15 ou 20 anos atrás? Respondo: porque a esperança foi subtraída das pessoas. Ela foi arrancada das mentes e corações pelos 'heróis' de uma geração que venderam os seus sonhos a preço de banana. Hoje eles só falam em como chegar ao poder e dele não mais se afastar. No seu vocabulário, mudança significa status quo, e a velha doutrina dos anos juvenis só tem uma serventia: readequar o passado e o presente para mitigar uma tragédia política da qual eles agora são os principais beneficiários.

* Na imagem, o cenário sombrio representa a falta de perspectivas políticas, e os cadáveres ao chão, os sonhos sacrificados em nome de táticas eleitorais infalíveis.

Um comentário:

Diego Anderson disse...

Palavras de extrema lucidez sobre a situação da nossa cidade [e, porque não(?), do nosso país...]
Só acho que faltou citar o fato de que grande parte do problema se deve à beleza de sociedade que temos, em que o culto à ignorância impera, e a maioria dos votos são vendidos?
Existe solução para uma cidade que vende até a própria consciência?