sábado, 31 de dezembro de 2011

Cortar o tempo


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Nota do blog: Esta é a última postagem de 2011, um ano que foi um divisor de águas para o blog. A página passou a ser mais visitada e ganhou leitores assíduos. Algo inimaginável até bem pouco tempo. Quero então aproveitar a despedida desse ano tão bom para agradecer a todos aqueles que reservaram um pouquinho de seu tempo à leitura da Opinião reversa. Muito obrigado pela atenção! Para vocês desejo um 2012 repleto de sonhos realizados, de esperanças renovadas e de vontade de lutar por um mundo melhor. Que estejamos sempre cientes de que a mudança que queremos está em nós mesmos e não nos discursos vazios de quem só a promete. Um grande abraço a todos e feliz ano novo!


As dádivas do Rei

Promessas não cumpridas, obras inacabadas ou que nem saíram do papel, cidade com cara de abandono. Com essa lista de feitos, o Rei da pacata província do Capim Grosso precisa lançar mão de alguns recursos para melhorar a imagem de seu governo. Demonstrando toda a sua benevolência, ele já adiantou que vai melhorar a renda dos mais pobres e patrocinar dez dias de festa para os plebeus. Essas medidas fazem parte de um pacote de bondades que ficará conhecido como "As dádivas do Rei". Anunciado há pouco tempo, o tal pacote pretende conter a insatisfação popular, desviando a atenção dos súditos para outros assuntos que não os problemas da província. Assim, a Majestade imagina que pode terminar seus dias de poder com uma boa aceitação, inclusive com condições de fazer o seu sucessor no Trono. Seu objetivo é audacioso, porém factível, pois até a escolha da nova realeza ele contará com a força política da Coroa e, sobretudo, com o apoio da massa que adora pão e circo.

O espólio da ditadura

A ditadura militar acabou faz tempo, mas o regime que sucumbiu diante dos anseios de democracia deixou um patrimônio político que perdura até hoje. Partidos como o DEM representam o espólio desses anos de autoritarismo no Brasil. Mais recentemente, o governo Rosalba confirmou essa orientação nada democrática da legenda presidida por José Agripino. A gestão da mossoroense baixou um decreto proibindo protestos e manifestações nas dependências do Centro Administrativo do Estado. A medida, nefasta aos olhos de quem valoriza a liberdade, é coerente com o perfil desse governo, que parece lamentar o fim de um período da história nacional onde a simples contestação de autoridades era considerada prática "terrorista".

Leia também:  "Rosalbochet" - A face da intolerância no poder.
                        A "democracia" de Rosalba.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Quer uma carona?

Era dia de finados quando uma jovem senhora tentava atravessar a principal rua da cidade. Ela aguardava o melhor momento para cruzar a avenida quando um veículo parou como se esperasse a sua travessia para prosseguir. Mesmo assim a pedestre não continuou sua caminhada. Insistia que o carro passasse primeiro até como forma de retribuir a gentileza tão incomum no trânsito do município. Mas o veículo permanecia parado. Só depois de algum tempo de impasse, a transeunte percebeu que o motorista, pré-candidato a prefeito de Grossos, estava lhe oferecendo uma carona ao cemitério.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pelas ruas de Oberã

Por Genildo Costa.*

Quando tomei nota de minhas poucas lembranças dei conta de que não estava mais comigo as mesmas criaturas, as mesmas impressões digitais tatuadas no meu corpo franzino de menino moleque.

Pelo prado de meus encantamentos a certeza de sempre encontrá-lo. Altivo e sereno. Reticente. Exposto às agruras desses mesmos dias de leviana submissão que tenho que suportar...a contra gosto. Mesmo assim, continuo insistindo em refazer a mesma moldura que antes me permitia ser bandido e, muitas vezes, herói desses tempos de vida brejeira e de liberdade provinciana.

Para além de nossas limitações, a configuração de uma outra estampa que não encontro jamais, pois não sei se já é hora de confessar o tamanho de minha agonia. Acredito não ser oportuno destilar dores quando tudo não passa de algo pertinente a essa tal subjetividade humana. Agora sim, percebo que todas as sombras se dissipam. Seguem rumo ignorado. Algumas tropeçam no último degrau da escadaria e não encontram equilíbrio para continuar seguindo por essas ruas de sentimento amiúde.

A volta de Jesus


Texto de Frei Betto* retirado do Blog do Ricardo Kotscho.

Sem chamar a atenção, Jesus voltou à Terra em dezembro de 2011. Veio na pessoa de um catador de material reciclável, morador de rua. Comia prato feito preparado por vendedores ambulantes ou sobras que, pelas portas do fundo, os restaurantes lhe ofereciam.

Andava sempre com uma pomba pousada no ombro direito. Estranhou o modo como as pessoas bem vestidas o encaravam. Lembrou que, na Palestina do século 1, sua presença suscitava curiosidade em alguns e aversão em outros, como fariseus e saduceus.
Agora predominava a indiferença. Sentia-se, na cidade grande, um Ninguém. Um ser invisível.

Ao revirar latas de lixo à porta de uma faculdade, nenhum estudante ou professor o fitou. “Fosse eu um rato a remexer no lixo, as pessoas demonstrariam asco,” pensou. Agora, nada. Nem o percebiam. Ou consideravam absolutamente normal um homem andrajoso remexer o lixo.

Graças a seu olhar sobrenatural, capaz de apreender alma e mente das pessoas, Jesus sabia que eram, quase todas, cristãs...

Roubaram um carro defronte a faculdade. A vítima, uma estudante cirurgicamente embelezada, apontou-o como suspeito de cúmplice dos ladrões. A polícia, sem pistas dos criminosos, decidiu prendê-lo para aplacar a ira da moça, filha de um empresário.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Repeteco

No início do mês a Rádio Rural de Mossoró realizou mais um concurso A Mais Bela Voz durante a festa de Santa Luzia. Este ano duas situações de edições anteriores do festival se repetiram. A primeira delas foi a vitória da candidata patuense, que já havia levado o prêmio máximo em 2008. E a outra foi a ausência de representantes de Grossos, que apesar de ter artistas valorosos, não participa do concurso por falta de interesse da Prefeitura.Lamentável.

Leia também: A festa dos outros - A Mais Bela Voz.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A lucidez da ideias(XI)

"Se em economia o Brasil é melhor do que a Inglaterra, então a economia não é um bom indicador de progresso."

Fraternidade perecível

O espírito natalino transforma todos em irmãos. Mas a fraternidade que envolve as pessoas nessa época do ano é perecível. Tem prazo de validade que expira após as 23h59min do dia 25 de dezembro. Quando ela acaba tudo volta como era antes, e o individualismo continua a reinar sobre os lares da sociedade capitalista.

Leia também: Natal, a festa do capital.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Papai Noel: a biografia não autorizada.

*Postagem reproduzida do blog do Tio Colorau com texto de Leandro Cruz, colunista do Jornal do Povo(RS).

Quando chega o fim de ano, as ruas são invadidas por figuras bizarras, os papais-noéis. Alguns com barbas de algodão, outros bem magrinhos (estão perdoados, pois ninguém usa uma roupa daquela no verão brasileiro sem perder uns 30 quilos só na transpiração).

Quando as crianças ficam mais espertas, geralmente começam a se perguntar: “Como ele dá conta de entregar presentes para todas as crianças boazinhas do mundo numa única noite?”.

Quando eu estou bem-humorado e não quero revelar que foram os chineses semi-escravos que fabricaram o videogame que o PAI DELAS comprou e deu, geralmente eu respondo. “O Natal é comemorado só em países cristãos. Papai Noel não tem que se preocupar com crianças judias ou muçulmanas ou hindus. Além disso, as crianças boazinhas são muito poucas no mundo cristão. Além do mais, tem a questão do fuso-horário e as renas comem uma ração aditivada desenvolvida pela equipe Ferrari, que as deixa supervelozes. Dá tempo de sobra!”. Mas isso é só quando eu estou bem-humorado…

Mas ando de saco cheio de Papai Noel. Velho batuta que presenteia os ricos e esquece dos pobres. Então vou quebrar os mitos e contar a verdadeira história dessa figura.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Prefeitura inadimplente

Dos 167 municípios do RN, 61 terão dificuldades para receber recursos federais porque estão inadimplentes e com restrições no Cadastro Único de Convênios (CAUC). Infelizmente, Grossos figura entre essas cidades e tem que amargar o seu nome na lista de prefeituras que não conseguem honrar os seus compromissos. A notícia só confirma a falta de rumo do governo local. Mesmo depois de quase 7 anos consecutivos, ele ainda não se encontrou administrativamente, o que contribui para deixar o município nessa situação tão delicada.

Chances reduzidas?

Lendo a versão online do Jornal De fato do dia 08 de dezembro me deparei com uma breve análise de César Santos sobre a sucessão em Grossos. No comentário, o jornalista citava os possíveis nomes da próxima disputa eleitoral e esboçava as chances de vitória de alguns deles segundo "pesquisas, movimentos de bastidores e os ecos da vontade popular". De acordo com esse balanço, Enilson (DEM) desponta como favorito enquanto a probabilidade de êxito de João Dehon (PMDB) é bem menor.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Estado reduz recursos para Educação, Saúde e Segurança

Do Blog do Carlos Santos.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) do Rio Grande do Norte, aprovado para o próximo ano, está uma belezura em seus quase R$ 10 bilhões. O governo planejou e vai aumentar investimento em publicidade da ordem de 120%. Já quanto à Educação, a redução chega aos 7%. No quesito Saúde, o encolhimento é de 1,3%. Na Segurança Pública está a pancada mais paradoxal, para um estado que vive uma espécie de guerra civil: 22,4% a menos para o setor. Contra números não há argumentos. Explicações, talvez.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Presente e futuro reféns do passado

Quase seis décadas se passaram desde a fundação de Grossos e a cidade resiste às grandes mudanças. Os avanços registrados até aqui são tímidos, sendo, na maioria das vezes, reflexos das políticas públicas implementadas pelos governos estadual e federal. No campo da inovação, os grupos que comandaram a Prefeitura durante todo esse tempo praticamente não apresentaram nada. Até porque no plano político as gestões foram bastante parecidas.

Em 58 anos de história, o poder no município sempre esteve nas mãos de poucos e o povo à margem das decisões. Os mesmos caciques políticos ou as lideranças por eles adestradas são quem se revezam no Executivo ao longo de mais de meio século. Seja controlando a Prefeitura ou sendo a voz do Governo do Estado em âmbito local, essas pessoas jamais deixaram de influenciar os rumos desta terra. Como resultado, temos hoje uma cidade que sequer superou a discussão das necessidades mais básicas de sua população. Fincando os pés no atraso para manter os privilégios do passado, Grossos compromete o seu presente e futuro por não oferecer alternativas à perpetuação da exploração de sua gente.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Marilena Chauí: conflito é o coração da democracia

Por Vivian Viríssimo do site Sul21.

Aos 70 anos, a filósofa Marilena Chauí segue avaliando os rumos da política e as grandes transformações sociais e culturais em curso no Brasil e no mundo. Pelo seu diagnóstico, o coração da democracia brasileira está muito debilitado, uma vez que todas as formas de conflito são abafadas ou combatidas com a repressão do Estado, o que impede o avanço na garantia de direitos e no aprimoramento da própria democracia. “No Brasil, incessantemente, o conflito é transformado em crise e se joga a polícia e o Exército contra a população e os movimentos sociais. A única maneira de afirmar a legitimidade e a necessidade do conflito é mostrar que o mesmo é o coração da democracia”, falou Marilena ao Sul21.(...) Leia matéria completa AQUI.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O silêncio da cumplicidade

O calar das vozes que se faz ouvir!

Uma espécie de pacto do silêncio rege a relação entre Executivo e Legislativo grossenses. Os dois poderes raramente expõem suas diferenças de modo que a ausência de debate norteia os trabalhos da Câmara Municipal. Esta é quase uma extensão da Prefeitura, pois não oferece resistência aos caprichos do  governo local. 

Como não pensa por si e não tem vida própria, a Casa do Povo não consegue sequer determinar quais assuntos são mais urgentes para se tratar, uma vez que até isso é determinado pelo Palácio José Marcelino.