Por Cid Augusto*
Num dia nublado, pela praia andando
Sob a sombra de nuvens carregadas
Eu vi, entre duas barcaças encalhadas,
Um funesto urubu ao chão pousando.
Pouco a pouco fui me aproximando
Com meu passo cansado das jornadas,
Quando percebi o pássaro, em bicadas,
De outro urubu se alimentando.
Então, eu constatei a semelhança
Entre o urubu, na sua desesperança,
E o ser humano dito racional.
É que os dois sobrevivem da desgraça,
Mesmo que de alguém da mesma raça,
Por conta do seu instinto animal.
*Poesia extraída do livro "Estados do Verso".
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