segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vale quanto pesa

Por Genildo Costa*

Há nesses anos que antecedem o próximo pleito não só uma expectativa, mas, sobretudo,uma manifestação natural de quem não perdeu a capacidade de sonhar com dias melhores. Não tenho dúvida que haveremos de compor a mesma arena.Por mais que sejamos cidadãos de pátria livre, a marcha que nos encaminha, para mais uma festa da democracia, pode ser a mesma marcha que não nos ensinou a conviver com a omissão dos fracos e, nem tampouco,com a alegria dos oportunistas de plantão.

Por estas terras de fartos ventos, há um silêncio que ainda inquieta letrados e pseudos defensores da causa pública. Seria, talvez, antigos parceiros da agonia. Os mesmos parceiros que nos deixaram tão frágeis nesses últimos tempos de caos e de ausência de perspectivas. Pois bem, estamos a sós. Continuamos os mesmos debates. Distante do consenso que não chega a acontecer apontando para um começo de vida nova.

Por esses horizontes de escuras miragens se apresenta, na voz e no canto de cada pulsação, a incerteza e,sobretudo,a farsa que se espraia por esses canteiros de enganação.Nessa dança tão secular de ser e de estar há um diferencial que não tem preço porque sempre seguiu incólume com a sua inquietação e transparência de catador de sonhos. Acredito não ter se esgotado todos os anseios e aspirações.Ainda nos resta um pouco de esperança por mais que as relações se mercantilizem.

Com a intenção de cooptar os mais incautos, os mais vulneráveis, os menos assistidos, os atores da nova cena extrapolam,como sempre, os limites da vaidade humana, sem se aperceber da grandeza que é este cenário de potencial latente que não ostenta cor partidária mesmo sabendo,todos nós,que se faz necessário não mais apostar nos atalhos porque os atalhos fizeram sucumbir todos os encantos de uma terra livre e altaneira.

Lamentavelmente,enquanto alguns pretensos candidatos se antecipam em proclamar aos quatro cantos o seu nome como alternativa para uma possível intervenção nas coisas de interesse público,lá estamos nós,outra vez,assumindo a nossa máxima culpa de não poder na hora certa apontar caminhos para uma realidade nova pautada na ética e na transparência.

Seria muita pretensão de minha parte ter que enumerar pecados históricos cometidos para explicar os retrocessos,ou melhor,os descaminhos.O tempo passou e não demos conta de que para cada dia vivido se faz necessário tomar providências quanto ao presente que temos que administrar. O que teorizamos e por reiteradas vezes proferimos como projeto que poderia representar ,verdadeiramente,o estado de bem estar social caiu no ostracismo.

O tempo nos impôs e nos ensinou a conviver nesses lampejos de pós-modernidade com cabeças vulneráveis ao imediatismo.Há uma fatura com um preço muito alto para cada embate vivido nessas terras do capim grosso.Estamos mesmo a mercê do binômio: subserviência e omissão. Quem ousaria em ensaiar a ruptura para ingressarmos numa nova cultura política?

*Genildo Costa é cantor e compositor.

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