domingo, 21 de novembro de 2010

De vilão a mocinho

A corrida presidencial deste ano revelou o atraso das idéias no qual está mergulhado parcela considerável da população brasileira. Neste universo conservador há espaço para muito preconceito e intolerância de todos os tipos, seja religiosa, sexual ou de classe social. Esta última ganhou voz através das palavras do jornalista Luís Carlos Prates, âncora de um telejornal da RBS, emissora catarinense afiliada à Rede Globo.

Ao comentar o aumento no número de acidentes de trânsito, o apresentador esbravejou: " Hoje, qualquer miserável tem um carro", "resultado desse governo espúrio que popularizou, pelo crédito, o carro para quem nunca tinha lido um livro."

Com tamanha ignorância fica difícil até adjetivar a conduta testemunhada pelos espectadores. Chamar o ato simplesmente de preconceituoso, vil, ignóbil, é generosidade demais. E o pior é que foi utililizada uma concessão pública (a de TV) para divulgar idéias desse tipo.

Diante do estrago das declarações do jornalista, as Organizações Marinho trataram logo de agir para não ver ainda mais arranhada sua reputação perante o público. Prova disso foi a reportagem especial exibida na abertura do Fantástico deste domingo. A matéria tratava coincidentemente sobre a intolerância, o mesmo tema que há poucos dias maculou a imagem da emissora carioca.

Tentando confundir novamente a opinião pública, o jornalismo global quis se passar por "mocinho" da estória. Mas a resposta veio tarde demais. O assunto se propagou rapidamente na internet e dificilmente o "antídoto" jornalístico impedirá que mais um golpe seja desferido contra sua credibilidade. O que é muito positivo, pois não se pode confiar num meio de comunicação que em "nome da democracia" verbaliza o ódio de classe, prestando assim um grande desserviço a nação.

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