sábado, 17 de outubro de 2009

O que comemorar?

Mais motivos para homenagear e refletir do que propriamente comemorar. Na semana do professor, deveríamos estar festejando a conquista de salários dignos, melhores condições de trabalho e mais respeito a este profissional. Todavia, além da constatação de que nada disso foi alcançado, outras necessidades se somam as já existentes. A falta de segurança nas escolas, por exemplo, é mais um obstáculo ao exercício do magistério.

Diante de tantas adversidades, a docência exige principalmente vocação, pois a desvalorização desse profissional tem motivado cada vez mais formandos a não ingressar no magistério. Salários baixos e as péssimas condições de trabalho têm feito esta mão-de-obra migrar para outras áreas do serviço público e iniciativa privada. Essa tendência abre uma lacuna no futuro que poderá ser preenchida por valores alheios à educação, mas identificados com a violência.

Apesar de alarmante, a situação dos professores brasileiros não chega a comover os centros políticos de poder. As ações de governo são paleativas e muitas vezes vão de encontro aos interesses da classe. Basta ver a dificuldade que se tem para implantar o piso salarial de irrisórios R$ 950. Há um ano, governadores de cinco estados impetraram Adin constestando a constitucionalidade da lei 11.738/08, que estabelece o piso. No entanto, a mesma moralidade fiscal alegada na constestação não serviu para impedir o aumento do teto remuneratório dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que em fevereiro próximo passarão a receber quase 27 mil reais. A proposta para o judiciário encontrou menos resistência no Legislativo do que a dos professores. Sem falar do efeito cascata que esse aumento produzirá nas demais instâncias do judiciário e legislativo, certamente interessadas em privilégio semelhante.

Embora o governo se esforce em apresentar o Brasil como suposta potência emergente, o país suprime etapas de desenvolvimento, dentre elas a que coloca a educação como prioridade. O momento é tão delicado que muitos creditam a grandes eventos esportivos (Copa do Mundo, Olimpíadas) um futuro melhor para a nação. No entanto, de nada adiantará vultosos investimentos no país sem oportunizar ao povo educação de qualidade. E todo esse processo passa pela compreensão da importância do professor como agente transformador da sociedade. Enquanto essa percepção não se converte em decisão política, continuaremos a conviver com a tragédia social, sem perspectiva alguma de mudança.

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