Política também é a arte de vender sonhos, ilusões. E se engana quem pensa que elas são usadas apenas para ludibriar a massa de eleitores. Na verdade, até lideranças experimentadas no ramo não estão imunes à manipulação da própria capacidade onírica. Essa situação pode estar sendo vivenciada pelo presidente do PDT grossense.
Portador de um projeto ambicioso que visa chegar à Prefeitura pelas mãos da oposição, Emílio mantém-se aliado de João Dehon na esperança de receber apoio dele para uma provável candidatura sua nessas eleições. O problema é que nesse jogo nenhuma hipótese deve ser descartada, inclusive aquela segundo a qual João estaria valendo-se da mesma artimanha do prefeito, qual seja, uma promessa, para manter o pedetista 'sob controle'.
Assim, o líder do PMDB desfalca o governo e coloca os palacianos sob forte artilharia. E mais: administra o tempo a seu favor, pois o passar dos dias dificulta uma nova guinada do ex-adversário, fato que jogaria seu discurso num total descrédito. Ademais, a inelegibilidade do peemedebista não virá automaticamente com a presença do seu nome na lista do TCE. Vai demorar mais um pouco e até lá já será tarde demais para Emílio abandonar o barco.
Por fim, cabe explicitar aqui o maior entrave aos planos do ex-secretário municipal de desenvolvimento: o futuro político do seu mais novo aliado. Isso porque a campanha deste ano será um divisor de águas para o filho de Zé Maurício. Ciente disso, ele sabe que Emílio uma vez prefeito não se sujeitará às suas vontades, recusando-se a ser marionete nas suas mãos.
Apoiá-lo, portanto, seria um suicídio político, um gesto que a médio e longo prazo lhe reservaria o ostracismo do poder. Daí a importância de sustentar uma ilusão, que embora seja nesse caso uma boa estratégia defensiva, é também uma manobra arriscada dadas as consequências imprevisíveis da revelação do truque mais adiante.
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