quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Simples assim

Os problemas sociais no Brasil são seculares e se perpetuam no tempo porque sempre foram alvo de medidas paliativas. Via de regra, os governos voltam suas atenções para a busca de soluções passageiras até que os telejornais mudem a pauta de notícias e o assunto caia de novo no esquecimento. É o que provavelmente ocorrerá quanto à temática das enchentes e demais tragédias provocadas pelos efeitos das chuvas. A questão envolve em essência um grave déficit habitacional e a precária organização do espaço urbano. No entanto, há quem defenda uma forma mais "simples" de resolver este e outros gargalos decorrentes da desigualdade social no país. A idéia consiste em excluir ainda mais os que já se encontram bastante margilizados. Esse raciocínio tem origem em setores importantes da classe média brasileira, e pode ser melhor entendido através do texto que transcrevo abaixo, o qual foi extraído do Blog do Mello.

"Classe mérdia tem uma solução para tudo: 'Basta tirá-los dali'

Mendigos nas ruas? - Basta tirá-los dali. Menores consumindo crack? - Basta tirá-los dali. Prostitutas na calçada? - Basta tirá-las dali. Excesso de carros nas ruas? - Basta tirá-los dali. Sem terra invadindo terras improdutivas? - Basta tirá-los dali. Sem teto invadindo prédios desocupados? - Basta tirá-los dali. Moradores em áreas de risco? - Basta tirá-los dali. Favelas? - Basta tirá-los dali.

E colocar onde?

Isso não querem saber: acham que políticos foram eleitos para isso. Querem que eles façam o serviço sujo.

Os últimos acontecimentos no Rio e em SP mostram que à direita e à esquerda muitos querem a solução simplista da classe mérdia: - Basta tirá-los dali. Mesmo que para isso seja necessário chamar a polícia.

Ou seja: mendigos, sem-teto, sem terra, prostitutas, drogados, todos são caso de polícia.

Não são não. Polícia é para quem precisa de polícia. Eles precisam é de política com P maiúsculo: política social, inclusão. Cidadania. Não temos que tirá-los dali. Temos que incluí-los aqui.

Somos humanos; isso, em suma, é o que somos."

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