A cobertura da greve dos PMs na Bahia e no Rio feita pelos principais telejornais do país é simplesmente ridícula. Praticamente não se fala dos baixos salários e péssimas condições de trabalho dos policiais, mas tão somente se busca uma desqualificação dos manifestantes, atribuindo a culpa do caos aos mesmos e eximindo o Estado de suas responsabilidades.
Ainda como parte da estratégia para endossar a versão majoritária das autoridades, as emissoras de TV exibem as análises dos especialistas de sempre, de quem já conhecem a opinião, valendo-se de uma tecnicidade ultrapassada para mostrar aos espectadores que o seu ponto de vista é o correto. Dessa forma é que se consegue moldar no cidadão comum uma repulsa maior à paralisação dos policiais do que em relação à negligência dos governos, que apesar de contribuir diretamente para a insegurança pública, não é tratada como deveria, pois o debate se resume a apontar culpados apenas dentre aqueles que vestem farda e não paletó.
Leia também: Qual é a surpresa? Uma greve é luta de classe! - Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição. - Greve vai muito além da Bahia.
Nota do Blog: É incrível como nesse caso da greve da Polícia os juízos de reprovação das pessoas recaem apenas sobre o movimento paredista. Elas até consideram as reivindicações justas, mas querem que eles protestem de outra maneira. Mas que outra maneira é esta?Seria através do processo legislativo, pressionando os congressistas a aprovar suas propostas?Isso os policiais já fizeram e ,no entanto, não obtiveram êxito. A greve, portanto, é o último recurso e mesmo que a Constituição diga não, eles têm que fazê-la, por que Direito não é uma ciência estática, é dinâmico e deve ser alterado de fora para dentro a partir das pressões sociais. Como dizia Martin Luther King, que era advogado, há leis justas e injustas, sendo que para estas temos a obrigação moral de desrespeitá-las, afinal a desobediência e a rebeldia com causa são a força motriz das mudanças ao longo da História.
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