sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Aos falsários da estética farsante

Que nos preparemos para uma possível comodidade em nome da estética farsante, vil, mercenária, inconsequente.

Por Genildo Costa.*

Há algo por demais interessante quando adotamos o silêncio em situações em que o consenso não nos permite intervir quanto a nossa sutil paranormalidade.

Prescrevem os mais sábios que por mais vulnerável que seja o campo onde reside a ignorância sempre haverá de existir uma vanguarda de alguns poucos que não conseguem celebrar o pacto da vulgaridade. Nunca vamos estar a sós. Haveremos de nos encontrar, sempre.

Evidentemente que nos encontramos numa situação de extrema vulnerabilidade quando a nossa capacidade de intervenção gradativamente vem se esgotando e a nossa vitalidade de se permanecer otimista quanto a nossa identidade de agente multiplicador de ideias também vive seus últimos dias de pulsação. Teatralizar em nome do consenso, como se estivéssemos mais próximos de uma real possibilidade de encontrarmos essa tal felicidade tem sido a regra básica. Para tanto, mais que necessário, é valer-se das aparências para não mais ter que se esforçar e perder tempo em andar sempre olhando de lado.

Que nos preparemos para uma possível comodidade em nome da estética farsante, vil, mercenária, inconsequente. Proclamadora de esteriótipos e sedutora de cabeças ocas. Sempre ávida e tolerante quando de sua programação para suplantar aos que na sua inquietude arvoram-se em ser utópicos.Valorosos por assim dizer de sua ousadia em conclamar um possível gesto de alteridade humana.

Escassos tempos esses de serenidade e de discernimento. Literalmente, posterga-se aos que, na sua ingenuidade, reservam-se a não corroborar com os entulhos que interditam as vias de acesso ao universo mágico da criação humana. Que não se distancie jamais a autenticidade da métrica da poesia popular que nos conforta e ao mesmo tempo nos liberta realmente dessa barbárie, que ora se instala definitivamente a partir de um projeto de massificação que aliena, deseduca e nos impede de sermos mais compatriotas e fraternos.

Aos arredores dessa fauna não há mais sinais de resistência. Somos os mesmos, confesso. Instaura-se aos olhos da submissão a cumplicidade do silêncio. A vulgarização, o simulacro da enganação que, de vez em quando, nos surpreende com a sua genial capacidade de poder de persuasão. A tragédia parece ser anunciada, mas não quero crer nessa anunciação e, nem tampouco,apostar toda minha credulidade no que há de vir quando pouco falta para vivermos profundamente o real estado de contemplação. Decerto, o estado de hipnose do pós moderno resgatará alguns poucos para gozar de alguns instantes de felicidade na sua plenitude. Para a morada dos felizes, o contentamento, a boa aventurança. Para os que pecaram permanentemente por não celebrar o emburrecimento coletivo, o pesadelo como sentença da corte suprema dos ignóbeis farsantes.

* Genildo Costa é cantor e compositor.

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