sexta-feira, 30 de setembro de 2011

De carnaval e política


Com o fim das convenções partidárias em Grossos e cessada a euforia típica do momento político, é hora de fazermos uma análise de tudo que aconteceu nesses dias de intensa movimentação. Mas antes de qualquer comentário, há que se observar a clara distinção entre carnaval e política. Na cidade, esses dois elementos estão fortemente associados, mas não significam a mesma coisa. Geralmente o primeiro deles torna-se o disfarce da tragédia na qual se transformou o segundo. Por isso, a avaliação isolada da festa, que é usada para atrair a atenção do povo, não deve ser estendida para compreender os fatos políticos. No entanto, quase sempre ela serve a este propósito no intuito de confundir a maioria que absorve sem questionar a lógica dos principais caciques da política local.

Plenamente dissociados, carnaval e política não têm muito a ver um com o outro. E feita essa separação percebe-se que toda aquela história de “festa da democracia” onde o povo é a maior liderança é balela. Na verdade, o povo é manipulado pela liderança. Se ao menos em algum momento lhe fosse devolvida a sobriedade emocional, veria que não há nada para se festejar. Muito pelo contrário, existem razões de sobra para se lamentar. E é isso que vou mostrar nas postagens seguintes: um cenário político desolador marcado pela perpetuação de interesses espúrios e pela falta de alternativas para a construção de uma cidade melhor.


sábado, 24 de setembro de 2011

O filho mais velho da negligência


Ele ainda é uma criança. Tem apenas 4 anos, mas já provoca muito incômodo na cidade. Filho mais velho de uma prole repugnante gerada no ventre da negligência, ele foi concebido durante o governo do PSB grossense de quem até hoje recebe proteção. Ao ser batizado ganhou um nome bastante esquisito, que contém números em vez de letras. Chama-se 583084, uma referência ao convênio celebrado pela Prefeitura de Grossos para a construção do matadouro público municipal.

O parto dessa jovem criatura ocorreu em 03/09/2007 e custou R$ 146.250 aos cofres públicos. Um verdadeiro luxo para alguém oriundo de uma cidade com precários serviços de saúde. Nascido, pois, em berço de ouro, o “bebê” não teve dificuldades nestes primeiros anos de existência. Se desenvolveu muito bem, sempre aos cuidados do descaso da administração pública, um dos seus padrinhos prediletos.

domingo, 18 de setembro de 2011

Agitar é preciso!

“Agitador, sim! Como é possível conceber a vida sem agitação? Porque o vento agita a planta, o pólen se une ao pólen de onde nasce o fruto e se abotoa a espiga que amadurece nas searas. O gameto masculino busca o óvulo porque há uma causa que o agita. Se o coração não se agita, o sangue não circula e a vida se apaga. Que dizer da bandeira que se hasteia ao mastro e não se agita? É uma bandeira morta. Qual é, por excelência, o mérito tão grande de Bartolomeu de Las Casas? Haver agitado de maneira extraordinária o problema do índio durante sua larga e fecunda existência. É agitando que se transforma a vida, o homem, a sociedade, o mundo. Quem nega a agitação, nega as leis da natureza, a dialética, a ciência, a justiça, a verdade, a si próprio. Sabe o físico que para
manter a água cristalina tem de agitá-la antes de lhe derramar o sulfato de alumínio que toma as partículas de impureza e desce com elas para o fundo. Manda o médico que se agite certos remédios no momento de tomá-los e o
farmacêutico chega a escrever nas bulas este aviso: ‘Agite antes de usar”.

O crime não está em agitar, mas em permanecer imóvel. Uma sociedade que não se agita é como um charco, suas instituições se estagnam e apodrecem. Inútil, portanto, é tentar reprimir a agitação, envolvendo-a nas malhas do libelo acusatório. Tudo passa sobre a face da terra e debaixo das estrelas, os impérios, as tiranias, os carrascos. Mas a agitação nunca passará. Nem que haja a consumação dos séculos de que falam os profetas bíblicos.
 

É que ela, a agitação, se nutre de uma paixão. A paixão da verdade.”* (grifo nosso)

*Francisco Julião , advogado e político pernambucano que se dedicou à organização dos trabalhadores rurais em ligas camponesas.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

De Minha Alma Pagã

Por Genildo Costa.*

Como se não bastassem as inúmeras tentativas de que tenho feito para continuar transitando diuturnamente nesse universo, que elegi para viver condignamente, agora me chega de súbito uma outra prerrogativa, diria não muito relevante para com a minha singular maneira de ser e de estar.

Confesso que não ando muito otimista com o que vejo e nem tampouco com essa grande possibilidade de perdermos a noção do ridículo. Pois, a moldura exposta não deve por muito tempo saciar-se de sua própria imagem. Tão opaca quanto a mais perversa submissão que paira sobre os cristais de nossos eternos e infinitos devaneios. Que seja assim, detentora de muitos artifícios para continuar alimentando, até enquanto houver resistência, os vermes que decompõem em vida verdades e mentiras de tua alcova.

Para além de minha aura que estejam somente as minhas sinceras e eternas convicções de não poder jamais prescrever o antídoto desse receituário, que me rouba o sossego e me tira a paz que um dia tive que buscá-la em um lugar qualquer de meu imaginário. Tão doutrinário e tão fugaz é a tua servilidade. Não creio mais naquilo que se publica e que até então se apresenta com tamanha notoriedade. Faço e refaço como se fôssemos tal qual os alquimistas na sua particularidade de reinventar a mais inovadora terapia assentada sobre os pilares da razão profana e da fé que sonhei um dia em alcançá-la. Pereço e retorno o percurso, mesmo que tardiamente. Assim, insisto em viver intensamente o mais sublime momento de depuração de minha alma pagã.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E se Jesus fosse neopentecostal?

Imagem extraída do mesmo blog.
Por Felipe Almada do Blog Fé e Razão.

Se Jesus fosse neopentecostal, não venceria satanás pela palavra, mas teria o repreendido, o amarrado, mandado ajoelhar, dito que é derrotado, feito uma sessão de descarrego durante 7 terças-feiras, aí sim ele sairia. (Mt 4:1-11)

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria feito simplesmente o “sermão da montanha”, mas teria realizado o Grande Congresso Galileu de Avivamento Fogo no Monte, cuja entrada seria apenas 250 Dracmas divididas em 4 vezes sem juros. (Mt 5:1-11)

Se Jesus fosse neopentecostal, jamais teria dito, no caso de alguém bater em uma de nossa face, para darmos a outra; Ele certamente teria mandado que pedíssemos fogo consumidor do céu sobre quem tivesse batido pois “ai daquele que tocar no ungido do senhor” (MT 5 :38-42)

Se Jesus fosse neopentecostal, não teria curado o servo do centurião de cafarnaum à distância, mas o mandaria levar o tal servo em uma de suas reuniões de milagres e lhe daria uma toalhinha ungida para colocar sobre o seu servo durante 7 semanas, aí sim, ele seria curado. (Mt 8: 5-13)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Biografia da corrupção

Por Romeu Prisco do site Direto da Redação.

A corrupção é a "entidade", se assim pode ser denominada, mais antiga do mundo. O pecado original, cometido por Adão e Eva, nada mais foi que um ato de corrupção, praticado pela serpente. Portanto, a corrupção nasceu quando Adão e Eva aceitaram a maçã que lhes foi oferecida pela serpente, podendo este ofídio ser considerado o primeiro corruptor conhecido.

Embora oriunda do Jardim do Éden, a corrupção é apátrida, encontrando-se, em maior ou menor escala, em todos os recantos da Terra. Remontando a milênios, sua idade é ignorada. É amorfa, mas, por isso mesmo, pode apresentar-se de inúmeras formas. Até o crime, como o assassinato de Abel por seu irmão Caim, constituiu uma das suas variantes. A corrupção é algo em permanente estado de adaptação e mudança.

Reis, imperadores, conquistadores, desbravadores, colonizadores e catequizadores foram corruptos, obtendo vantagens e favores indevidos, e corromperam, concedendo vantagens e favores indevidos. A plebe e o povão, se não corromperam, deixaram-se corromper conscientemente. Os descobridores de novos países, como no caso do Brasil, ao depararem com os nativos das terras descobertas, geralmente indígenas, cobriam-nos de adornos, presentes diversos e bebidas alcoólicas. Pronto ! Consumava-se o primitivo "contrato" de corrupção.[...]Leia o texto completo AQUI.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fragmentos da música...

"E a vida já não é mais vida
No caos ninguém é cidadão
As promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
Perdido em números de guerra
Rezando por dias de paz
Não vê que a sua vida aqui se encerra
Com uma nota curta nos jornais"


Trecho da música "O Calibre" de Herbert Vianna.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um fantasma ronda a Prefeitura


Alguns cantaram o fim de sua carreira política e decretaram até mesmo sua aposentadoria depois do último pleito eleitoral. Mas nada disso aconteceu. Vencendo todos os prognósticos desfavoráveis, João Dehon volta a sacudir a política grossense pelo peso de sua liderança. No sábado passado (03/09), ele deu mais uma demonstração de força política na cidade. A seu convite, centenas de pessoas lotaram as dependências de sua casa para tratar dos preparativos da convenção do partido ao qual se filiará no final do mês.

A toda-poderosa


Depois que o Governo Rosalba Ciarlini (DEM) garantiu que as indústrias que estão instaladas em Baraúna são obras suas;
Depois que exultou o sucesso do leilão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante como conquista sua;
Depois que divulgou que a reabertura do Aeroporto Governador Dix-sept Rosado só aconteceu devido sua intervenção…
… Resta saber se o gol olímpico de Ronaldinho Gaúcho, contra o Avaí, foi mesmo dele ou se a governadora não teve participação direta no feito.
Também há suspeita de que o ditador Kadafi, da Líbia, só foi deposto por articulação sua com forças rebeldes, da Otan e ONU.

domingo, 4 de setembro de 2011

Elogio da Preguiça


Crônica de Fernando Sabino.*

Quando me pediram que escrevesse sobre um dos sete pecados capitais, havia apenas dois ainda disponíveis: a Gula e a Preguiça. Sugeriram-me a Gula, mas aí, que preguiça! como diria Macunaíma: por índole e vocação, escolhi a Preguiça.

Já me dispondo preguiçosamente a desimcubir-me da tarefa, ocorreu-me que o tamanho requerido era de cento e quarenta linhas.

__Cento e quarenta linhas? __busquei confirmação, apreensivo, calculando de cabeça: __Mas deve dar mais de quatro páginas...
__Isso mesmo __confirmaram: __Mais de quatro páginas.

E logo sobre a Preguiça, da qual teria tanto a dizer __não fosse a sua existência mesma a pavimentar até o inferno o caminho das minhas boas intenções.

Pecador impenitente, ocorreu-me de saída levantar suspeição sobre a condição de pecado que as Sagradas Escrituras lhe atribuem, ainda mais de um dos sete pecados capitais. De bom grado o substituiria por outro __a Impaciência, por exemplo, que, por um lapso, foi omitida como oitavo e que me parece ser o inspirador de todos eles.

A imprensa educa?

Por Dioclécio Luz do Observatório da Imprensa.

"Há algo de comum – e trágico – entre escola e imprensa: as duas instituições, por natureza, são conservadoras, as duas reproduzem a sociedade nos seus valores e, muitas vezes, nas suas patologias. Se o jornal faz um jornalismo que agrada ao seu leitor/cliente, sem novidades, a escola oferece um ensino que agrada à família, à sociedade, à igreja. A imprensa conservadora alimenta a escola conservadora. Ocorre que no meio tem uma criança e se tem algo na vida que não é conservador é criança. Os pais, leitores dessa imprensa conservadora, e seguidores de uma religião quadrada (como quase todas), quer que a escola seja quadrada e conservadora. É comum os pais determinarem à escola: “Faça com que essa criança me obedeça”. E a escola investe nisso porque os pais querem." LEIA MAIS...

Pequena crônica da ressaca

Por Bruno Sérvulo.*

Se ontem me exprimi acerca dela daquela maneira, foi só porque eu
estava vergonhosamente embriagado e até... Até tinha pedido juízo: sim,
estava meio tonto, completamente louco... E hoje me sinto envergonhado.
E que desculpa era essa de estar embriagado? Uma desculpa estúpida que
me humilhava ainda mais! No cachorro engarrafado está a verdade e, de
fato, a verdade completa saíra à luz, isto é, aflorara à superfície toda a
maldade de meu coração, grosseiramente sincero.