Por Bruno Sérvulo*
O espantalho; o tradicional é famoso. Um boneco feito de roupas velhas e usadas: talvez seja esse o motivo da sua aparência pacata. Chapéu? Claro que sim! Como poderia ser o chapéu, peça faltosa nesse figurino de gala. Eis a sua forma mais simples... E como pessoa útil ou não, tenho que dizer de que é feita sua parte interior. Suas entranhas! Tantas são as formas de encher-te, pobre espantalho. Que a astúcia mais cretina domine a razão deste que te encherá. E quando espantalho for de fato, espante! Não é outra a sua saga. Nem outro o seu objetivo. Por isso que és feio!
Se os fins justificam os meios, não haveria personagem mais cabível que tu, isso mesmo espantalho, tu. Que viesse melhor desempenhar a função do espanto. Função essa que diria de certa complexidade, no seu caso, pressupondo que os supostamente espantados terão em suas cabeças um cérebro: o que quer queira quer não débil espantalho, você não tem. Para que a missão a que fora destinado seja cumprida precisa da compreensão e do medo dos que por hora se espantam. E tenha certeza, irresponsável espantalho, muitas e muitas vezes você não causa medo algum... Não permita que a incompetência lhe tome. Afinal de contas és ou não é um espantarão?
Ingênuos e injustos são os que por total engano lhe confundem com o de Escariotes. Este, foi fadado a mau lembrança. Quando na real situação cumpriu apenas com o combinado. Você, nem combina nem cumpre. Mas isso não é assunto nosso...
Como quem já vai tarde, pronunciarei rápido pelo medo do enfado, um pequeno retalho da tragédia que tu és: Espantalho, sua alma de palha e farrapos já não sabe afirmar, nem sabe negar. Como saberia?! Ele não comanda, e tampouco destrói. Também não é um espantalho-modelo; a ninguém precede, nem sucede; colocando-se muito a distância, não tem motivos para tomar partido entre o bem e mal. É um instrumento, algo como um escravo, certamente a mais medíocre espécie de escravo, mas nada em si. É o que és.
Bruno Sérvulo é estudante de Turismo da UERN.
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