Texto de Luiz Carlos Azenha extraído do site Vi o mundo
Encontro um velho amigo, que nos bons tempos poderia ser confundido com um cripto-comuno-bolivariano.
Hoje, calvo e alquebrado, conformou-se com a vida de pequeno burguês.
Não perdeu a ternura, nem a capacidade crítica.
Está preocupado com o que define como papel de “zelador do neoliberalismo” assumido pela esquerda brasileira, especificamente pelo PT.
Digo a ele que não é tão trágico assim, que houve avanços concretos dos mais pobres, que é isso o que importa.
Mas ele retruca que, no caso brasileiro, percebe um certo complexo de inferioridade da esquerda no poder, como se ela precisasse de licença dos realmente poderosos para governar.
E lamenta que para justificar o não fazer o argumento é sempre “a tal correlação de forças”.
Abrir os arquivos da ditadura?
– Correlação de forças.
Punir os torturadores?
– Correlação de forças.
Implementar o PNDH?
– Correlação de forças.
Regulamentar os capítulos da Constituição que regem a comunicação?
– Correlação de forças.
Implementar as decisões da Conferência Nacional de Comunicação?
– Correlação de forças.
Debater o aborto?
– Correlação de forças.
– Mas no salário mínimo, onde havia vários comunistas escondidos atrás dos 560 reais… aí não teve correlação de forças.
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