Poema de Cid Augusto extraído do seu livro "Estados do verso".
O Eu que eu sou não sabe se é realmente,
Vive a vagar na busca de sua identidade,
Tentando achar respostas na intimidade,
No turbilhão de dúvidas do inconsciente.
O Eu que eu transpareço a alguém é somente
A frágil impressão da coletividade
Desafiando tão cruel complexidade,
Em conceitos forjados superficialmente.
O Eu que eu gostaria de ser - coitado! - insiste
Em sonhar ilusões perdidas, sufocado
No mentiroso riso da máscara triste.
Decerto, não existe fim, meio ou começo.
Descobri, após tanto haver procurado,
Que apenas sou o Eu que eu mesmo desconheço.
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