domingo, 28 de novembro de 2010
De homens e livros
Já dizia Monteiro Lobato que um país se constrói com homens e livros. Em Grossos, ao menos um político tem dado a devida importância às palavras do famoso escritor. Trata-se do vereador Cateca (PC do B), que ao longo de seu mandato criou bibliotecas comunitárias na zona rural do município.
Primeiro em Alagamar e depois em Pernambuquinho, as novas salas de leitura transformaram antigos prédios inutilizados em fontes de conhecimento. Para realizar tal feito, o líder comunista firmou parcerias com o Rotary Club Mossoró, Fundação Vingt-un Rosado e até mesmo com a UFRN através do professor Marcos Medeiros. Essas instituições doaram os livros enquanto que o edil viabilizou os espaços para recebê-los.
Apesar da difícil tarefa de concretizar o pensamento do célebre autor, é possível identificar passos nessa direção a partir de ações como a desenvolvida pelo parlamentar. Afinal, não se pode olvidar que são os pequenos gestos os grandes responsáveis pelos alicerces dessa pátria de livros, idealizada por Lobato e ainda sonhada por muitos.
domingo, 21 de novembro de 2010
Além fronteiras
O poeta se apresentou ao lado de ícones da música erudita potiguar como o pianista Humberto Luiz e a maestrina Marilene Campos, regente do coral da UERN.
Como um menestrel que vive a difundir a musicalidade de sua gente, este cantador da salinésia venceu com seu talento os limites provincianos para sempre alçar o nome de sua terra a um posição merecida de destaque.
De vilão a mocinho
Ao comentar o aumento no número de acidentes de trânsito, o apresentador esbravejou: " Hoje, qualquer miserável tem um carro", "resultado desse governo espúrio que popularizou, pelo crédito, o carro para quem nunca tinha lido um livro."
Com tamanha ignorância fica difícil até adjetivar a conduta testemunhada pelos espectadores. Chamar o ato simplesmente de preconceituoso, vil, ignóbil, é generosidade demais. E o pior é que foi utililizada uma concessão pública (a de TV) para divulgar idéias desse tipo.
Diante do estrago das declarações do jornalista, as Organizações Marinho trataram logo de agir para não ver ainda mais arranhada sua reputação perante o público. Prova disso foi a reportagem especial exibida na abertura do Fantástico deste domingo. A matéria tratava coincidentemente sobre a intolerância, o mesmo tema que há poucos dias maculou a imagem da emissora carioca.
Tentando confundir novamente a opinião pública, o jornalismo global quis se passar por "mocinho" da estória. Mas a resposta veio tarde demais. O assunto se propagou rapidamente na internet e dificilmente o "antídoto" jornalístico impedirá que mais um golpe seja desferido contra sua credibilidade. O que é muito positivo, pois não se pode confiar num meio de comunicação que em "nome da democracia" verbaliza o ódio de classe, prestando assim um grande desserviço a nação.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Sempre as licitações
Um canteiro de obras paralisadas. É o que Grossos se transformou nos últimos anos sob a condução política da atual gestão. A despeito do aporte generoso de recursos federais no município, o executivo municipal não tem obtido êxito no andamento das obras. Algumas inclusive nem sequer saíram do papel como a construção do matadouro público, cuja liberação do recurso se deu há mais de três anos e até então nenhum centavo foi aplicado. Há também aquelas que foram iniciadas (saneamento básico, duplicação da entrada da cidade), mas se encontram por bastante tempo sem execução.
O interessante de tudo isso é a justificativa das paralisações. Não importa qual obra seja questionada, a desculpa é sempre a mesma e se refere a problemas na licitação. Nas oportunidades em que se manifestou sobre o abatedouro público e a duplicação da principal via de acesso à cidade, o representante maior do município ofereceu uma resposta quase automática: dificuldades no processo licitatório. Desse modo, se continuarem a entoar a retórica oficial, as explicações palacianas tendem a cair no descrédito, pois representam muito mais a inaptidão administrativa do governo do que a simples falta de criatividade na escolha dos argumentos.
A questão do trânsito e a participação popular
A fiscalização do trânsito posta em prática pela Polícia Militar de Grossos tem sido objeto de muita polêmica. No centro do debate está, entre outras medidas, o uso obrigatório do capacete para os motociclistas. Embora esta regra tenha previsão legal e seja de conhecimento de todos, a sua cobrança é a novidade maior. Por isso a grande repercussão do assunto, que na última quinta (dia 11/11) bateu as portas do legislativo em sessão bastante agitada.
Numa rara demonstração de exercício da cidadania, os populares lotaram as dependências do local onde os vereadores se reúnem provisoriamente. A partir deste fato, seria possível afirmar que está em curso na cidade uma mudança de atitude política por parte da população? De um dia pro outro, teriam as pessoas acordado mais politizadas? Certamente que não. Movimentos nesse sentido não são frutos de milagre ou passes de mágica. Demandam muito trabalho e sobretudo paciência, pois os resultados se verificam a médio e longo prazo.
No caso específico da celeuma criada em torno da atuação policial, o que motivou o público a participar ativamente da discussão não foi o interesse coletivo, mas fatores de ordem pessoal. Cada um se sentiu prejudicado no seu direito de ir e vir, porquanto se viram compelidos a expressar seu juízo de reprovação no intento de desqualificar as ações da polícia. É neste ponto que reside a explicação para a numerosa platéia presente ao evento.
Como se percebe, essa súbita preocupação pelos “problemas” da cidade se resume a um fato isolado. Até porque, em nada sendo feito, para todas as outras questões de ordem pública (saúde, educação, combate a corrupção, etc) os munícipes devem permanecer como se encontram hoje: politicamente “ANESTESIADOS” e incapazes de reagir aos desmandos de quem os representa no poder. Infelizmente.
Culto à imagem
Quem acessa o site da prefeitura de Grossos logo visualiza no canto superior da página a imagem do prefeito se projetando o tempo todo. Esse recurso virtual revela bem mais que um artifício gráfico da internet. Ele demonstra o quanto nossa política valoriza a pessoa do governante em detrimento dos entes públicos representados.
Remanescente da era monárquica, esta forma de ver o Estado já está tão arraigada no meio político que foi até institucionalizada. Por isso é tão comum as repartições públicas ostentarem a foto oficial de presidente, governadores e prefeitos. Agora, com o advento da rede de computadores criou-se mais uma ferramenta apta à divulgação do narcisismo inerente ao poder .
Convém ressaltar o efeito maléfico dessa tendência à consolidação da democracia no país, que depende principalmente do fortalecimento de suas instituições, e não do tributo aos detentores de cargos eletivos.
domingo, 7 de novembro de 2010
Apoio posto em xeque
Após a eleição das deputadas de sua preferência, se deu por satisfeito e aguardou o resultado do pleito para declarar que também era dilmista, esperando assim se credenciar como aliado junto ao novo governo.
Acontece que a adesão tardia à candidatura do Planalto não foi suficiente para dirimir as dúvidas sobre sua escolha eleitoral. Ao longo de todo o 2º turno, uma incógnita pairou sobre o Palácio José Marcelino, fazendo crer que a cidade estava desconectada do plano nacional.
Felizmente, essa idéia foi desmistificada a tempo pelo vereador Cateca (PC do B), que já no final da campanha organizou um movimento pró Dilma em conjunto com Edinho Catarino, um dos raros petistas do município.
Ao contrário dos que assumiram uma posição clara na disputa presidencial, o líder do PSB grossense nada fez para impedir que o seu silêncio soasse como ingratidão. Isso porque o seu mandato não teria vida própria caso inexistissem os convênios firmados na esfera federal. Mas pelo visto, o peso dessas ações governamentais mostrou-se inócuo para motivar a militância socialista.
E no desenho político traçado pela omissão acabou prevalecendo a presunção de aliado do prefeito, que não precisou se expor pedindo votos nem tampouco deixou de colher o louros da vitória. Um ótimo exemplo da dubiedade da política tupiniquim, onde os partidos se tornaram trajes oportunos aos interesses do momento. Nesse contexto, a última coisa que importa é quem vencerá as eleições, pois a preocupação se resume em aderir ao modismo partidário vigente e logo depois fingir que nada aconteceu.
O senador da "colinha"
Não contendo a frustração, pôs a culpa em um assessor que transitava entre os correligionários e tentou suprir a lacuna do discurso usando termos genéricos. Daí em diante Garibaldi se esforçava em demonstrar que os recursos destinados por ele foram muitos ou que havia várias emendas de sua autoria em prol do município. No entanto, a depender do esquecimento do congressista, essa tarefa se tornara muito difícil, a ponto de não se ter elencado uma única obra ou recurso específico em benefício dos grossenses.
Vale destacar que, a apesar da gafe, a campanha do peemedebista foi bastante exitosa na cidade. Este ano o líder bacurau foi o senador mais votado em Grossos (4.233 votos), conseguindo unir em torno de seu nome situação e oposição, fato até o momento impensável dado o acirramento da política local.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Mudança de paradigma
No entanto, com o passar do tempo as referências do grupo que governou o município entre 2001 e 2004 mudaram radicalmente. De um extremo a outro, o ex-prefeito condicionou sua história às circunstâncias do poder e trilhou caminho rumo a ala mais conservadora da política do estado.
Sem qualquer constrangimento, o fundador do PT grossense posa com desenvoltura na companhia de José Agripino, inimigo político do melhor presidente do país. Numa espantosa relação de afinidade, descoberta há pouco na campanha de 1º turno, os dois líderes trocaram afagos ao discursar, parecendo amigos de longa data.
Mas como explicar tamanha cumplicidade entre políticos de origem partidária tão diversa? Fácil! Basta uma metáfora aqui, uma frase de efeito acolá e pronto! Tudo resolvido. Afinal, as pessoas vão entender que como “as cordas de um violão, que mesmo separadas tocam uma só melodia,” João Dehon e José Agripino agora têm muita coisa em comum.
O esforço é tão grande em parecer confiável aos novos aliados que o líder republicano local sequer se manifestou acerca da campanha presidencial. Para não contrariar o DEM, preferiu a omissão. Por tudo isso, não seria absurdo supor o apoio ao candidato tucano para melhor se entrosar no ninho governista estadual.
Lamentável, mas são os fatos. É a luta do poder pelo poder, um vale-tudo que dispensa escrúpulos na política. E pensar que o pequeno lar petista de Grossos abrigou tantos sonhos de transformação. Uma pena, pois quase todos sucumbiram às conveniências da política provinciana, deixando para trás qualquer vestígio de retidão e coerência.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Formação política
*Dilma Roussef, presidente eleita do Brasil.
Amanhã : um novo tempo, uma nova utopia
Seremos todos iguais. Estaremos prontos para embarcarmos
Na locomotiva que nos levará a estação de um tempo novo.
Amanhã,
Apesar de hoje, nos veremos para juntos pavimentarmos todas
As estradas que nos levarão para uma tarefa de exercício da cidadania.
Amanhã,
Os filhos teus Brasil, não fugirão à luta. Homens e mulheres de todas as religiões,
De todos os credos partilharão desse novo sentimento de construção de uma pátria
Onde todos possam sonhar em ter vida em abundância.
Amanhã,
O riso mais ingênuo dos mocambos, das favelas, do universo da periferia aguarda a sua
Decisão apontando para uma perspectiva de mais distribuição de renda,mais justiça social
E mais solidariedade humana.
Amanhã,
Mais nenhum mistério por mais que pareça porque a fome que ainda insiste em continuar
Matando não deixou de ser a dor de todos nós....E você é responsável!!!!!!!
Amanhã,
Quando o silêncio exigir de sua consciência uma manifestação de carinho e de ternura para
Com todos os compatriotas , seja você , amigo, um protagonista dessa festa.
Amanhã,
Na sua altivez,seja convidado para celebrar conosco a festa da
D E M O C R ACIA.*
*Por Genildo Costa, cantor e compositor, apresentador do programa "Cultura dos Monxorós" da Rádio Rural de Mossoró.
Dilma: o enterro da política feita nas sombras
Por Rodrigo Vianna do blog Escrevinhador.
A vitória de Dilma significa a vitória de lutas que vêm de longe, como eu já escrevi aqui.
A vitória de Dilma é a vitória de Lula e de um projeto que aposta na inclusão. É a continuidade de um governo que teve atuação marcante em quatro eixos, pelo menos:
- criação de um mercado consumidor de massas (recuperação do salário-mínimo, do salário do funcionalismo, Bolsa-Familia, política mais agressiva e popular de crédito) – teve papel fundamental no enfrentamento da crise econômica mundial, porque o Brasil deixou de depender só das exportações e pôde basear sua recuperação no mercado interno;
- respeito aos movimentos sociais – parceria com sindicatos, diálogo com as centrais, com o MST;
- recuperação do papel do Estado – fim das privatizações, valorização do funcionalismo, novos concursos públicos, recuperação do papel planejador do Estado (por exemplo, no campo da energia), fortalecimento dos bancos públicos (não mais como financiadores de privatizações suspeitas, mas como indutores do desenvolvimento);
- política externa soberana – enterro da Alca, criação da UNASUL, valorização de parcerias com China, India, Irã; fim do alinhamento com os EUA.
Dilma significa que isso tudo pode seguir. Mas a campanha mostrou que há pelo menos uma área onde o governo Lula errou, por timidez: política de Comunicação. Durante a reta final do primeiro turno, o Brasil voltou a ficar refém de quatro ou cinco famílias que ditam a pauta do Brasil. Os blogs e um ou outro meio tradiconal ofereceram certo contraponto. Mas foi pouco. No segundo mandato, com Franklin Martins, Lula mostrou que é possível avançar muito mais nessa área!
A vitória de Dilma significa também a derrota de muita coisa. Derrota do preconceito e do ódio expressos em mensagens apócrifas, derrota de quem acredita que se ganha eleição misturando política e religião – de forma desrespeitosa e obscurantista.
Dilma no poder significa a derrota de Ali Kamel e seu pornográfico jornalismo de bolinhas na “Globo”. Significa a derrota de Otavinho e suas fichas falsas na “Folha”. Significa a derrota da Abril e de seus blogueiros/colunistas de esgoto.
Dilma é a derrota da extrema-direita que espalhou boatos, fotos falsas, montagens grosseiras e – quando desmascarada – saiu correndo (apagando sites, vestígios, provas).
A vitória de Dilma é a derrota da maior máquina ideológica conservadora montada no Brasil desde o golpe de 64. Essa máquina mostrou sua cara na campanha – unindo a Opus Dei, o Vaticano e o que restou da comunidade de informações a essa turma “profisional” que espalhou emails, calúnias, spams (e atacou até blogs progressistas na calada da noite).
A consagração de Dilma significa a derrota de um candidato covarde: não teve coragem de mostrar FHC na campanha, fingiu ser amigo de Lula e, no desespero, usou aborto e a própria mulher para ataques lamentáveis…
Dilma é a derrota de uma política feita nas sombras, nos telefonemas para as redações, nos dossiês. Dilma significa a vitória de um projeto generoso, e o enterro de uma determinada oposição.
Quem torce pela democracia torce também para que uma nova oposição – séria e democrática – prospere, longe dos dossiês e da truculência serrista. Na próxima semana, teremos tempo para pensar a fundo no que pode vir de uma oposição renovada, quais os movimentos possíveis…
Mas acho que não devemos ter ilusão. Serra tirou da garrafa a extrema-direita. O tipo de campanha feita por ele, e que obteve mais de 40% dos votos, mostra que essa máquina conservadora está à espreita. E pode voltar a atacar. Os colunistas e os chefetes ressentidos – em certa imprensa pornográfica – seguirão a agir nas sombras.
Caberá a nós lançar cada vez mais luz sobre as manobras dessa gente. Derrotada pelo voto e pela força do povo brasileiro.